Comitê popular para enfrentamento da Dengue, Zika e Chikungunya em um bairro de Betim, Minas Gerais: análise da concepção de território pelos seus integrantes

Abstract

Esta tese analisa a concepção de território dos integrantes do comitê popular do bairro Duque de Caxias, em Betim/MG. A pesquisa integra a “Proposta de vigilância em saúde, de base territorial, visando ao fortalecimento da mobilização social para o enfrentamento da tríplice epidemia de dengue, zika e chikungunya e controle do Aedes aegypti em Minas Gerais”, que visa à formação de comitês populares para o enfrentamento das três doenças. O trabalho dos comitês consiste em definir o território de atuação, identificar os problemas e potencialidades, planejar e executar as ações. Desse modo, a tese teve como objetivo geral implementar o comitê popular no bairro e analisar a concepção de território dos participantes dentro da proposta. Os objetivos específicos são: analisar a implementação do comitê; realizar uma revisão integrativa sobre a categoria território e a sua operacionalização nas intervenções participativas em saúde; examinar a concepção de território dos participantes durante a formação e atuação do comitê e como esssa influencia a organização das ações. Com base no método qualitativo, os dados foram coletados por meio de observação sistemática dos encontros e atividades, realização de um grupo focal na fase inicial de implementação do comitê e análise documental dos materiais produzidos pelo grupo. Os resultados apontaram que, ao contrário da hipótese inicial, as concepções de território envolveram várias outras dimensões além da dimensão física, incorporando elementos simbólicos, como a noção do território como abrigo (lar), e como o lugar dos vínculos sociais e afetivos. O comitê considerou o descarte inadequado do lixo como o principal contribuidor para a proliferação do Aedes aegypti, sendo a comunicação um elemento importante para estimular a participação da população na resolução do problema. A implementação do comitê possibilitou aos integrantes refletirem sobre as dinâmicas territoriais que dificultam a participação dos moradores, como a inação do poder público e o entendimento de que o território é preterido por este, além da desconfiança política que permeia as relações dos moradores com os políticos, devido ao histórico da sua atuação no local. Conclui-se, que a relação com o poder público e com os representantes políticos impacta na forma como as ações de mobilização social são vistas pelos moradores, pois, apesar de manterem fortes vínculos com o território, eles tendem a desconfiar de ações de iniciativa popular no bairro.