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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/67726
PRÁTICAS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: COMPREENSÕES E DESAFIOS A PARTIR DAS EXPERIÊNCIAS DE RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS
Reabilitação Psiquiátrica/organização & administração
Capacitação Profissional
Borges, Mônica Quadros | Date Issued:
2024
Author
Advisor
Co-advisor
Comittee Member
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto René Rachou. Belo Horizonte, MG, Brazil.
Abstract in Portuguese
As transformações advindas da Reforma Psiquiátrica nas últimas décadas promoveram mudanças nas práticas de cuidado na saúde mental, entretanto, nos últimos anos, acompanhou-se uma série de retrocessos na Política Nacional de Saúde Mental. Nesta perspectiva de fortalecer o movimento vivo da Reforma Psiquiátrica e ser resistência frente aos retrocessos da Política Nacional de Saúde Mental, a presente pesquisa teve como objetivo ampliar as compreensões sobre as práticas de cuidado produzidas nos serviços de saúde mental do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir das experiências de ex-residentes multiprofissionais em saúde mental. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, no campo das ciências humanas e sociais. Foram realizadas seis entrevistas semiestruturadas com residentes egressos de programas de Residência Multiprofissional em Saúde Mental de Belo Horizonte. As entrevistas foram analisadas a partir da metodologia da análise de conteúdo temática e interpretadas a partir dos referenciais teórico-conceituais do cuidado e da atenção Psicossocial. Os resultados foram apresentados a partir de três eixos temáticos: o encontro com as práticas de cuidado nos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), o encontro dos desafios das práticas de cuidado e o encontro com os desafios da formação em saúde mental. Como resultado, a pesquisa apontou que os ex-residentes compreendem como orientador dos serviços da RAPS: o cuidado centrado no usuário, a integralidade e o cuidado no território e destaca o lugar do trabalhador da saúde mental enquanto articulador do cuidado. Como desafios para a promoção das práticas de cuidado é consenso a precarização nas condições de trabalho das equipes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). O aumento de demanda nos serviços tem gerado adoecimento dos trabalhadores impactando diretamente na promoção das práticas de cuidado, restringindo a atuação nas urgências no cotidiano dos serviços e pouca articulação territorial e em práticas que promovam autonomia, construção de cidadania e a emancipação dos usuários da saúde mental. A pesquisa também apresenta como desafios às práticas de cuidado, o trabalho em rede, sobretudo com a Atenção Básica, o trabalho intersetorial, a cronificação dos usuários nos CAPS. Os desafios da formação apontaram para a deficiência das graduações em saúde para o trabalho em saúde mental e a fragmentação dos saberes. Mesmo diante dos desafios, a pesquisa permitiu concluir que os serviços da RAPS de Belo Horizonte buscam sustentar os princípios e os orientadores da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial. Apesar da precarização das condições de trabalho, as equipes dialogam com os residentes sinalizando para a potencialidade de formação nos serviços da RAPS. A experiência dos ex-residentes permitiu inferir que as Residências Multiprofissionais em Saúde são importantes estratégias para a formação e na produção de conhecimento na saúde mental. Por fim, a pesquisa contribuiu com o saber produzido pelas experiências dos ex-residentes para a reflexão das práticas de cuidado já instituídas nos serviços, provocando uma reflexão crítica de um olhar estrangeiro. Os resultados apresentados ajudam na avaliação dos processos de trabalho pelos gestores dos serviços, os trabalhadores da RAPS e os programas de Residências Multiprofissionais em Saúde Mental.
Abstract
The transformations brought about by the Psychiatric Reform in recent decades have promoted changes in mental health care practices. However, in recent years, there has been a series of setbacks in the National Mental Health Policy. To strengthen the ongoing movement of the Psychiatric Reform and resist these setbacks, this research aimed to expand understanding of care practices produced in the mental health services of the Unified Health System (SUS) based on the experiences of former multiprofessional residents in mental health. This is a qualitative research study within the field of human and social sciences. Six semi-structured interviews were conducted with former residents of multiprofessional mental health residency programs in Belo Horizonte. The interviews were analyzed using thematic content analysis methodology and interpreted based on the theoretical-conceptual frameworks of care and psychosocial attention. The results were presented in three thematic axes: the encounter with care practices in the Psychosocial Care Network (RAPS) services, the encounter with the challenges of care practices, and the encounter with the challenges of training in mental health. The research indicated that the former residents understand the RAPS services as guided by user-centered care, integrality, and care within the community, highlighting the role of the mental health worker as a care coordinator. A consensus among the challenges to promoting care practices is the precarious working conditions of the teams in the Psychosocial Care Centers (CAPS). The increased demand for services has led to worker burnout, directly impacting the promotion of care practices, limiting daily emergency responses, and hindering territorial articulation and practices that promote autonomy, citizenship, and the emancipation of mental health users. The research also identifies challenges in care practices related to networked work, particularly with Primary Care, intersectoral work, and the chronicity of users in CAPS. Training challenges include the inadequacy of health undergraduate programs for mental health work and the fragmentation of knowledge. Despite these challenges, the research concluded that RAPS services in Belo Horizonte strive to uphold the principles and guidelines of the Psychiatric Reform and the Anti-Asylum Movement. Despite precarious working conditions, the teams engage with residents, highlighting the potential for training within RAPS services. The experiences of former residents suggest that Multiprofessional Residencies in Health are crucial for training and knowledge production in mental health. Finally, the research contributed to knowledge produced from the experiences of former residents, prompting critical reflection on established care practices in the services. The results assist service managers, RAPS workers, and Multiprofessional Residency programs in evaluating work processes.
DeCS
Saúde Mental/normasReabilitação Psiquiátrica/organização & administração
Capacitação Profissional
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