Please use this identifier to cite or link to this item:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/68159
CUIDADO À MULHER GESTANTE EM SITUAÇÃO DE RUA POR PROFISSIONAIS DE SAÚDE INSERIDOS EM DUAS EQUIPES DE CONSULTÓRIO NA RUA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Pessoas em Situação de Rua
Cuidado Pré-Natal
Racismo
Atenção à Saúde
Pesquisa Qualitativa
Care
Homeless Pregnant Women
Prenatal
Racism
Oliveira, Taís Santos de | Date Issued:
2024
Alternative title
Care for homeless pregnant women by health care professionals in two Street Clinic teams in Rio de JaneiroAuthor
Advisor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
O cuidado à mulher gestante em situação de rua necessita ser abordado com mais atenção no Sistema Único de Saúde. Apesar de ser uma condição crítica e não desejada, mulheres vivem, trabalham e gestam nas ruas. Portanto, pensar o cuidado em saúde em uma perspectiva interseccional considerando gênero, raça e classe e as consequências deste entrecruzamento na vida destas mulheres é fundamental. Esta pesquisa teve como objetivo: analisar o cuidado à mulher gestante em situação de rua; identificar as características dessas mulheres; caracterizar as práticas de cuidado em saúde; e as potencialidades e fragilidades do cuidado em rede através das equipes de Consultório na Rua. A pesquisa utilizou a abordagem metodológica qualitativa, realizando entrevistas semiestruturadas com nove profissionais de saúde de duas equipes de Consultório na Rua da Coordenadoria de Atenção Primária 3.1 no município do Rio de Janeiro. Os dados foram sistematizados por meio de análise de conteúdo temática e organizados em quatro categorias, relacionadas aos objetivos da pesquisa: caracterização das equipes de Consultório na Rua e dos territórios de atuação; perfil das gestantes em situação de rua atendidas; e cuidado à mulher gestante em situação de rua, subdividido no cuidado realizado diretamente pelas equipes e a articulação do cuidado em rede intra e intersetorial. Os resultados demonstram que o Consultório na Rua se constitui como coordenador do cuidado da população em situação de rua, sendo a principal entrada da atenção primária à saúde e viabilizador do acesso a outros níveis de atenção em saúde e outros setores. As equipes atuam majoritariamente nas ruas, atendendo uma grande extensão territorial, marcada pela vulnerabilização e violência No caso das gestantes, o cuidado é coordenado mais de perto, com especial mobilização de sua rede de apoio. A articulação com a rede intrasetorial, como as Clínicas da Família e Centros de Atenção Psicossocial, mostrou-se fragilizada, havendo uma centralização do cuidado pelo Consultório na Rua. Exceção se faz para as maternidades que, apesar de dificuldades, participam de uma articulação significativa em determinados pré-natais e, sobretudo, para encaminhar a guarda do recém-nascido, quando ocorre um esforço das equipes de Consultório na Rua para que o destino seja a família extensa, e não o acolhimento institucional. Já a articulação com a rede intersetorial revelou-se baixa. A assistência social é acionada basicamente para acesso à benefícios sociais e vagas para abrigos para a população em geral. Com a Vara da Infância e Conselho Tutelar, apesar da participação ativa das equipes nos processos, o acionamento é realizado sobretudo pelas maternidades. Em suma, observa-se uma atuação significativa das equipes de Consultório na Rua na oferta de cuidado à mulher gestante em situação de rua, seja diretamente pelas equipes ou em rede. Este cuidado é marcado por dificuldades, como a extrema vulnerabilização dos usuários e territórios, capacidade de atendimento insuficiente frente a alta e complexa demanda e pela fragilidade da articulação intra e intersetorial, que esbarra nas limitações estruturais dos serviços e diferentes concepções sobre direitos das usuárias, frequentemente estigmatizadas, que limitam a garantia de um cuidado integral.
Abstract
Care for pregnant women in situations of homeless needs to be addressed with greater attention within the Brazilian Unified Health System (SUS). Although it is a critical and undesirable condition, women live, work, and gestate on the streets. Therefore, health care should be approached from an intersectional perspective, considering gender, race, and class, and the consequences of these intersections in the lives of these women. This research aimed to: analyze care for pregnant women experiencing homelessness; identify the characteristics of these women; characterize health care practices; and assess the strengths and weaknesses of networked care through the Street Clinic (Consultório na Rua) teams. The research used a qualitative methodological approach, conducting semi-structured interviews with nine healthcare professionals from two Street Clinic teams of Primary Care Coordination 3.1 in Rio de Janeiro, Brazil. Data were analyzed using thematic content analysis and organized into four categories related to the research objectives: characterization of the Street Clinic teams and their operational territories; the profile of pregnant women experiencing homelessness served; care for pregnant women in homelessness; and intra- and intersectoral care networks. The results show that the Street Clinic acts as the coordinator of care for the homeless population, serving as the primary entry point for primary health care and facilitating access to other levels of care and social services. The teams primarily operate in the streets, covering large areas marked by vulnerability and violence In the case of pregnant women, care is closely coordinated, with a special mobilization of their support networks. The articulation with the intra-sectoral network, such as Family Clinics (Clínicas da Família) and Psychosocial Care Centers (CAPS), was found to be fragile, with a centralization of care by the Street Clinic teams. However, maternity hospitals, despite some difficulties, play a significant role in coordinating prenatal care and referring newborns for guardianship, with the Street Clinic teams advocating for placement with extended family rather than institutional care. The interaction with the intersectoral network was limited. Social services are mainly contacted for access to social benefits and shelter vacancies for the homeless population. The Juvenile Court and the Guardianship Council are engaged primarily through maternity hospitals, despite the active involvement of the teams. In summary, the research highlights the significant role of the Street Clinic teams in providing care for pregnant women experiencing homelessness, either directly or through networked care. This care is marked by challenges, such as the extreme vulnerability of the users and the territories, insufficient service capacity to meet high and complex demand, and weaknesses in intra- and intersectoral coordination. Structural limitations of services and differing conceptions of user rights—often complicated by stigma—further hinder the provision of comprehensive care.
DeCS
GestantesPessoas em Situação de Rua
Cuidado Pré-Natal
Racismo
Atenção à Saúde
Pesquisa Qualitativa
Care
Homeless Pregnant Women
Prenatal
Racism
Share