Investigação epidemiológica da Leishmaniose Visceral no Jardim Zoológico da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de Minas Gerais - FPMZB/BH

Abstract

As leishmanioses são doenças dinâmicas, cuja transmissão é influenciada por fatores ambientais e humanos. Estudos epidemiológicos demonstram alterações no perfil de transmissão e uma crescente urbanização da doença, que contribui para a expansão de áreas endêmicas e o aumento do número de casos caninos e humanos. Em Belo Horizonte, a doença é endêmica, exibindo variações regionais e com um padrão de transmissão tipicamente urbano. O estudo foi realizado no Jardim Zoológico da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de Belo Horizonte, localizado na regional Pampulha, uma área afetada pela doença. Nesse trabalho, foram investigados a fauna de flebotomíneos, a influência das variáveis climáticas na sazonalidade desses insetos, a fonte do repasto sanguíneo das fêmeas de flebotomíneos e a taxa natural de infecção para Leishmania sp. nos flebotomíneos e em mamíferos do zoológico. De agosto de 2019 a agosto de 2021, realizamos um levantamento entomológico em 10 recintos de possíveis reservatórios de leishmaniose visceral. Um total de 6.034 flebotomíneos foram capturados, distribuídos em nove espécies, sendo Lutzomyia longipalpis a mais prevalente (65,35%). Das 108 fêmeas ingurgitadas analisadas pelo gene citocromo b, sete amostras testaram positivas, revelando o repasto em mamíferos, marsupiais, canídeos e aves. Observou-se também que temperatura, umidade relativa do ar e precipitação pluviométrica influenciaram a sazonalidade dos flebotomíneos, sendo que os meses mais quentes e úmidos do período de estudo favoreceram um aumento no número de flebotomíneos na área estudada. Para determinar a taxa de infecção natural das fêmeas de flebotomíneos capturadas, foram realizados testes moleculares (cacofonia e Nested/PCR) e um “pool” de Pintomyia pessoai apresentou-se positivo para DNA de Leishmania infantum. Em relação aos reservatórios, uma amostra de sangue pertencente ao lobo guará positivou para Leishmania infantum. Os dados obtidos servirão como norteadores das atividades de controle pelos órgãos competentes de saúde de Belo Horizonte e da FPMZB/BH, direcionando as ações, minimizando o risco de transmissão da LV aos animais do zoológico, funcionários e visitantes.