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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/68926
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DissertationCopyright
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Sustainable Development Goals
03 Saúde e Bem-Estar09 Indústria, inovação e infraestrutura
10 Redução das desigualdades
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CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DO VÍRUS DA HEPATITE B EM UMA POPULAÇÃO DE IMIGRANTES E REFUGIADOS NO BRASIL
Imigrantes
Epidemiologia Molecular
Técnicas de Genotipagem
Filogenia
Sant'Anna, Thaís Barbosa Ferreira | Date Issued:
2024
Alternative title
Molecular characterization of hepatitis B virus in an immigrant and refugee population in BrazilAdvisor
Comittee Member
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
A hepatite B é uma das infecções virais mais prevalentes em humanos e um grande problema de saúde pública global. O vírus da hepatite B (HBV) possui alta heterogeneidade genética, devido ao seu ciclo de replicação que envolve a ação de uma transcriptase reversa propensa a erros. Dessa forma, o HBV é filogeneticamente classificado em dez genótipos, denominados de A-J, e inúmeros subgenótipos. A frequência de mutações clinicamente relevantes, tais como: mutações associadas ao escape imunológico, resistência a antivirais e desenvolvimento do carcinoma hepatocelular (CHC), variam significativamente entre os (sub)genótipos do HBV, os quais apresentam uma distribuição étnico-geográfica característica, que reflete padrões históricos de migrações humanas. Entretanto, tendências recentes de globalização e o aumento da mobilidade humana contribuem fortemente para mudanças na dispersão geográfica dos (sub)genótipos do HBV no mundo, e a introdução de variantes exóticas nos territórios de destino. Imigrantes e refugiados em condição de vulnerabilidade social constituem um grupo crescente no Brasil, e os dados que elucidam o perfil molecular do HBV nessas populações são extremamente raros no País. Nesse contexto, este estudo tem como objetivos identificar os (sub)genótipos do HBV circulantes, a ocorrência de hepatite B oculta (OBI) e a presença de mutações clinicamente relevantes em uma população de imigrantes e refugiados residentes em Goiás, na Região Centro-Oeste do Brasil, bem como, realizar o sequenciamento do genoma completo de (sub)genótipos raros no País. Um total de 102 imigrantes e refugiados com sorologia positiva para o anticorpo contra a proteína do core (anti-HBc) foram incluídos neste estudo para a caracterização molecular do HBV. O HBV-DNA foi extraído de amostras de soro e as regiões genômicas S e C, e o genoma completo foram amplificados por nested-PCR. Os produtos de PCR foram posteriormente sequenciados para a determinação dos (sub)genótipos, a partir de análises filogenéticas utilizando o programa MEGA 11. Os indivíduos eram originários do Haiti (79,4%), Guiné-Bissau (11,8%), Venezuela (7,8%) e Colômbia (1%). Dentre as 21 amostras positivas para o HBV-DNA, os (sub)genótipos A1 (52,4%), A5 (28,6%), E (9,5%), F2 (4,8%) e F3 (4,8%) foram detectados. Dos 78 indivíduos HBsAg negativos, quatro foram positivos para o HBVDNA, resultando em uma prevalência de 5,1% para OBI. Os indivíduos infectados com A1 e E eram imigrantes do Haiti e Guiné-Bissau, enquanto aqueles infectados com A5 eram haitianos, e F2 e F3 venezuelanos. Até onde se sabe, esta é a primeira detecção do subgenótipo A5 no Brasil. Nenhuma mutação associada ao escape imune ou resistência aos medicamentos antivirais foi detectada. No entanto, 58,3% e 16,8% das sequências do pré-core/core exibiram as mutações A1762T/G1764A e G1896A, respectivamente, que estão associadas ao maior risco de desenvolvimento do CHC. Notavelmente, 80% das sequências A5 apresentaram a dupla mutação A1762T/G1764A. Análises filogenéticas adicionais sugeriram que a maioria dos isolados de HBV detectados foi introduzida no Brasil a partir da imigração. Este estudo demonstra a introdução de (sub)genótipos raros no Brasil por meio de fluxos migratórios, permitindo um maior conhecimento sobre a diversidade do HBV circulante no País. A compreensão da diversidade genética do HBV em comunidades de imigrantes e refugiados pode levar a melhores estratégias de prevenção e controle da infecção, beneficiando tanto os imigrantes e refugiados como a sociedade em geral.
Abstract
Hepatitis B is a prevalent viral infection in humans and a serious global public health problem. Hepatitis B virus (HBV) has a high genetic variability, mainly due to its replication cycle that includes the activity of an error-prone reverse transcriptase. Therefore, HBV is phylogenetically classified into ten genotypes, named A-J and several subgenotypes. Frequencies of clinically relevant mutations associated to immune escape, drug resistance, and hepatocellular carcinoma (HCC) development, vary significantly between HBV (sub)genotypes, which have a characteristic ethnogeographical distribution, reflecting historical patterns of human migrations. However, recent globalization trends and increased human mobility contribute to changes in the geographical dispersion of HBV (sub)genotypes worldwide and the introduction of exotic strains in destination territories. Foreign immigrants and refugee under vulnerable condition are a growing group in Brazil, and data on the molecular characterization of HBV in immigrant and refugee populations is extremely scarce in the country. This study aims to identify the circulating HBV (sub)genotypes, the occurrence of occult HBV infection (OBI), and the presence of clinically relevant mutations in a population of foreign immigrants and refugee residing in Goiás, Central-West Brazil, as well to sequence the full-length genome of rare HBV (sub)genotypes in the country. A total of 102 immigrants and refugee with positive serology for HBV core antibody (anti-HBc) were included in this study for the molecular characterization of HBV. HBV-DNA was extracted from serum samples, and the S and C genomic regions, and the complete genome were amplified by nested PCR. The products were further sequenced to determine (sub)genotypes by phylogenetic analysis, using MEGA 11 software. The participants were from Haiti (79.4%), Guinea Bissau (11.8%), Venezuela (7.8%), and Colombia (1%). Of the 21 HBV DNA-positive samples, subgenotypes A1 (52.4%), A5 (28.6%), E (9.5%), F2 (4.8%), and F3 (4.8%) were found. Among the 78 HBsAg-negative participants, four were positive for HBV-DNA, resulting in a rate of 5.1% for OBI. Subjects infected with A1 and E were from Haiti and Guinea-Bissau, while those with A5 were Haitians, and those with F2 and F3 were Venezuelans. To our knowledge, this is the first detection of subgenotype A5 in Brazil. No immune escape- or drug resistance-associated mutations were detected. However, 58.3% and 16.8% of pre-core/core sequences showed the A1762T/G1764A and G1896A mutations, respectively, which have been associated with HCC development. Importantly, 80% of A5 sequences had the A1762T/G1764A double mutation. Additional phylogenetic analyzes suggested that most of the detected HBV isolates were introduced into Brazil by immigration. This study shows the introduction of rare HBV (sub)genotypes in Brazil through migratory flows, shedding new light on the diversity of HBV strains circulating in the country. Understanding the genetic diversity of HBV in immigrant and refugee communities can lead to better prevention and control strategies, benefiting both immigrants and refugee populations and the broader society.
Keywords in Portuguese
Hepatite BImigrantes
Epidemiologia Molecular
Técnicas de Genotipagem
Filogenia
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