Please use this identifier to cite or link to this item:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/69060
VESÍCULAS EXTRACELULARES DE TRIPOMASTIGOTAS SANGUÍNEOS DE TRYPANOSOMA CRUZI: CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, ANÁLISE PROTEÔMICA E AÇÃO NA INFECÇÃO DE CARDIOMIOBLASTOS IN VITRO
Doença de Chagas
Vesículas Extracelulares
Infecções
Inflamação
Pereira, Luíza Dantas | Date Issued:
2023
Alternative title
Extracellular vesicles of blood trypomastigoes of Trypanosoma cruzi: morphological characterization, proteomic analysis and action in infection of cardiomyoblasta in vitroAuthor
Co-advisor
Comittee Member
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
Vesículas extracelulares (EV) atuam como comunicadores celulares e moduladores da resposta imune, podendo ser empregadas como biomarcadores de doenças e sistemas de liberação de fármacos. Em doenças infecciosas, as EV podem ser liberadas pelo próprio patógeno ou pelas células hospedeiras (infectadas ou não infectadas), potencialmente impactando o resultado da resposta imune e processos patológicos. A doença de Chagas (CD), cujo agente etiológico é o protozoário Trypanosoma cruzi, é a principal causa de insuficiência cardíaca em áreas endêmicas. Durante a fase aguda de infecção, sinais e sintomas inespecíficos contribuem para a falha no diagnóstico e tratamento etiológico precoce. Nesta fase, o a resposta imune é crucial para o controle do parasito. A persistência do patógeno, a resposta imune desregulada e os fatores teciduais intrínsecos podem contribuir para a patogênese da CD crônica. A maioria dos soropositivos permanece na forma crônica indeterminada, porém porcentagem considerável dos indivíduos desenvolvem manifestações cardíacas, digestivas ou cardiodigestivas. Neste trabalho testamos a hipótese de que EV originadas do parasito contribuem para a criação de um microambiente inflamatório enriquecido com citocinas e mediadores pró-inflamatórios, que desencadeariam mecanismos de lesão tecido-específicos que contribuem para a disfunção cardíaca. Análises por MEV, MET e NTA mostraram que tripomastigotas sanguíneos (bTrypo) liberam EV, que variam entre 160 e 180 nm, de forma contínua pelo corpo celular e região flagelar. A análise proteômica dessas EV mostrou que a maior parte das proteínas identificadas apresentam função de metabolismo energético, seguida de metabolismo de proteínas e estrutura flagelar/metabolismo de cálcio. A comparação das proteínas identificadas nas EV de bTrypo com estudos de outras formas evolutivas e cepas do parasito, e também EV liberadas por elas, mostra que metabolismo de proteínas é o grupo proteico compartilhado por todos, sugerindo ser este um grupo relevante para busca de novos alvos terapêuticos. Além disso, as EV de bTrypo apresentam, majoritariamente, proteínas imunogênicas, sugerindo que essas EV regular processos celulares e resposta imune por mecanismos a serem esclarecidos. A exposição de cardiomioblastos da linhagem H9C2 ao ambiente inflamatório (TNF/IFNγ) promoveu redução na viabilidade celular, sendo os cardiomiócitos expostos a retinol (maduros) mais suscetíveis a este efeito, contudo exposição às EV de bTrypo mostrou-se silenciosa aos aspectos analisados. A combinação de citocinas nestas células não modificou a expressão de fibronectina, entretanto, promoveu redução da área celular, sugestivo de atrofia. O tratamento de cardiomiócitos maduros com a combinação de citocinas e EV de bTrypo, mimetizando aspectos de condições in vivo, não alterou a mobilização de cálcio para o meio intracelular, nem o potencial de membrana mitocondrial, assim como não alterou as concentrações de óxido nítrico nos sobrenadantes de cultivo. A exposição das células a este microambiente (citocinas e EV de bTrypo) também não alterou o índice de infecção por bTrypo. Em conjunto, esses dados sugerem que as EV de bTrypo poderiam atuar de forma silenciosa nos cardiomiócitos, não alterando parâmetros que controlariam a infecção, favorecendo a persistência do parasito. A longo prazo, as EV poderiam sustentar a inflamação no tecido cardíaco, por conterem proteínas imunogênicas, e contribuir para a morte de cardiomiócitos, permitindo a evolução da forma indeterminada para a forma cardíaca ou agravamento desta.
Abstract
Extracellular vesicles (EV) act as cell communicators and immune response modulators and can be used as disease biomarkers and drug delivery systems. In infectious diseases, EV can be released by the pathogen itself or host cells (infected or uninfected), potentially impacting the outcome of the immune response and pathological processes. Chagas disease (CD), whose etiological agent is the protozoan Trypanosoma cruzi, is the l cause of heart failure in endemic areas. During the acute phase of infection, nonspecific signs and symptoms contribute to failure in early etiological diagnosis and treatment. At this stage, the immune response is crucial for controlling the parasite. Persistence of the pathogen-dysregulated immune response and intrinsic tissue factors may contribute to the pathogenesis of chronic DC. Most seropositive individuals remain indeterminate chronic, but many develop cardiac, digestive, or cardio-digestive manifestations. In this work, we tested the hypothesis that EV originating from the parasite contribute to creating an inflammatory microenvironment enriched with cytokines and pro-inflammatory mediators, which would trigger tissue-specific injury mechanisms that contribute to cardiac dysfunction. SEM, TEM, and NTA analysis showed that blood trypomastigotes (bTrypo) continuously release EV, which varies between 160 and 180 nm, by the cell body and flagellar region. Proteomic analysis of these EVs showed that most identified proteins have a role in energy metabolism, followed by protein metabolism and flagellar structure/calcium metabolism. The comparison of the proteins identified in the bTrypo EV with studies of other evolutionary forms and strains of the parasite, and also the EV released by them, shows that protein metabolism is the protein group shared by all, suggesting that this is a relevant group for the search for new therapeutic targets. In addition, the bTrypo EV mainly presents immunogenic proteins, suggesting that these EVs regulate cellular processes and immune response through mechanisms to be clarified. The exposure of cardiomyoblasts of the H9C2 lineage to the inflammatory environment (TNF/IFN-γ) promoted a reduction in cell viability, with cardiomyocytes exposed to retinol (mature) being more susceptible to this effect, however exposure to EV of bTrypo was silent on aspects analyzed. The combination of cytokines in these cells did not modify the expression of fibronectin, however, it promoted a reduction in cell area, suggestive of atrophy. The treatment of mature cardiomyocytes with the combination of cytokines and bTrypo EV, mimicking aspects of in vivo conditions, did not alter the mobilization of calcium to the intracellular environment, nor the potential of the mitochondrial membrane, nor did it alter the concentrations of nitric oxide in the culture supernatants. Cell exposure to this microenvironment (cytokines and bTrypo EV) also did not change the rate of bTrypo infection. Taken together, these data suggest that bTrypo EV could act silently on cardiomyocytes, not altering parameters that would control the infection, favoring the persistence of the parasite. In the long term, EV could sustain inflammation in the cardiac tissue, as they contain immunogenic proteins, and contribute to the death of cardiomyocytes, allowing the evolution of the indeterminate form to the cardiac form or its worsening.
Keywords in Portuguese
Trypanosoma cruziDoença de Chagas
Vesículas Extracelulares
Infecções
Inflamação
Share