Avaliação de Calycophyllum spruceanum na inibição de fungos do gênero Sporothrix

Abstract

A esporotricose, infecção causada por fungos do gênero Sporothrix, é uma micose subcutânea que acomete principalmente seres humanos e gatos. No Rio de Janeiro, a doença atinge proporções epidêmicas, sendo causada principalmente por S. brasiliensis, a espécie mais virulenta. O tratamento é longo, com medicamentos de alto custo e que possuem efeitos adversos. Além disso, os microrganismos estão apresentando resistência aos medicamentos comumente utilizados. Neste ponto, é importante a busca por alternativas terapêuticas de origem natural, e a espécie botânica Calycophyllum spruceanum (Benth.) Hook. f. ex K. Schum., pertencente à família Rubiaceae, destaca-se devido a seu uso pela população local contra infecções. Neste estudo, obtiveram-se diferentes extratos das cascas de C. spruceanum. Esses extratos foram submetidos a um mapeamento fitoquímico e a um screening microbiológico. Em seguida, realizou-se ensaio por microdiluição em placa contra fungos sensíveis e resistentes do gênero Sporothrix. Os resultados evidenciaram que o extrato com acetona (PERCOLADO) foi o que apresentou melhor efetividade contra os fungos Sporothrix sp. (CIM = 250 μg/mL), apresentando amplo espectro em relação aos demais (CIM > 250 μg/mL), principalmente contra S. brasiliensis, inclusive os de cepas resistentes. Portanto, esse extrato foi analisado por Cromatografia Líquida de Ultra-Eficiência, com detector de Arranjo de Diodos, acoplada à Espectrometria de Massas (CLUE-DAD-EM). Esse extrato mostrou uma maior seletividade dos constituintes presentes e, após a análise por CLAE-EM, demonstrou a presença de iridoides e seco-iridoides, diderrosídeo, 6-β-hidróxi-genipina e gardenosídeo, e de apocarotenoides crocetina e um derivado não descrito na literatura consultada Essas classes fitoquímicas possuem vias biossintéticas interligadas e atividades biológicas relatadas que podem ser associadas a atividade antimicrobiana verificada nos ensaios realizados. Esses resultados, apesar de preliminares, podem ser considerados uma contribuição relevante devido a dificuldade de se descobrir novos alvos moleculares contra esporotricose, principalmente a espécie de fungo que causa o maior número de relatos de pessoas infectadas no Brasil, o Sporothrix brasiliensis.