O adolescente com bexiga neurogênica e a percepção do autocateterismo intermitente limpo na escola

Abstract

Os adolescentes com bexiga neurogênica (BN), que realizam o autocateterismo, enfrentam desafios diários, como estigmas sociais e preconceitos. Isso pode afetar sua autoimagem, gerando comparações com os outros, o que pode resultar em questões emocionais, isolamento social e dificuldades nas interações escolares. Estudos mostram que uma das maiores dificuldades relacionada ao cateterismo intermitente limpo (CIL) em adolescentes é a aceitação da técnica, qual é preocupante, pois quanto mais precoce a adesão da técnica do cateterismo intermitente limpo, melhor a potencialidade a longo prazo para a prevenção do trato urinário em jovens com bexiga neurogênica. Objetivos: A pesquisa buscou descrever os fatores que influenciam o adolescente na realização do autocateterismo intermitente limpo na escola; identificar o acesso que a escola proporciona para o adolescente realizar o autocateterismo intermitente limpo; identificar como o adolescente realiza os cuidados com o autocateterismo intermitente limpo na escola e descrever a importância do papel do enfermeiro na educação em saúde com o adolescente para a realização do autocateterismo intermitente limpo. Método: O método da pesquisa tratou-se de um estudo de casos múltiplos, descritivo, exploratório, com abordagem qualitativa. Foram entrevistados 3 adolescentes e optamos pela entrevista semiestruturada. Resultados: emergiram 3 categorias, onde destacamos a falta de acesso nas escolas públicas, que gera nesses jovens a falta de privacidade e uma barreira arquitetônica, não oferecendo recursos que auxiliam na adaptação às necessidades dos mesmos; além do receio de sofrer bullying na escola, por viverem com a divergência entre o que é necessário para atender às suas condições fisiológicas de eliminação e as normas socioculturais que regulam o controle dessas necessidades. Isso faz com que eles escondam sua realidade para se sentirem parte de um grupo. Logo, o papel da enfermeira no ensino e orientações é fundamental para potencializar a autonomia desses jovens, gerando uma atenção integral, para que eles se sintam reconhecidos, respeitando suas singularidades e fornecendo o suporte necessário para a compreensão e gerenciamento do tratamento de forma correta. Conclui-se que, é fundamental que tanto as escolas juntamente dos professores quanto os profissionais de saúde adotem práticas que promovam a inclusão e o respeito à autonomia dos adolescentes com doenças raras, assegurando que seus desafios sejam compreendidos e atendidos de maneira adequada.