Ecomuseu Ilha Grande: sustentabilidade, cidadania e resistência

Abstract

Esse artigo tem como objetivo discutir a importância de experiências ecomuseais como ferramenta de desenvolvimento social e núcleo de resistência contra a globalização, considerando o fortalecimento da participação popular. Para tal, toma-se como exemplo o processo de implantação do Ecomuseu Ilha Grande (Ecomig), que teve início em 2001, permanecendo em evolução até os dias de hoje, com impactos efetivos junto à comunidade. Localizado em Vila Dois Rios, município de Angra dos Reis, região da Costa Verde do Rio de Janeiro, o Ecomig passou a ocupar a área onde funcionava o Instituto Penal Cândido Mendes, até o ano de 1994, quando foi implodido pelo governo estadual. A partir de então, em função de um Termo de Cessão de Uso, o local passou a ser administrado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que deveria criar um museu que preservasse o respectivo patrimônio. Trata-se de um lugar de memória de grande relevância, que reúne elementos históricos associados ao meio ambiente e à cultura. Primeiramente, pelo fato de fazer parte da história política do país, tendo em vista o entrelaçamento com o sistema prisional federal, fator constante de conflito social e de violação dos direitos civis. Outrossim, em função dos valores sociais e econômicos devidamente relacionados. Com a demolição do presídio, as galerias transformaram-se em ruínas, mas, alguns prédios como a lavanderia, a padaria, o da guarda, o do cinema, assim como o do destacamento de polícia e um galpão da fazenda de café do século XIX continuaram erguidos. Era preciso criar novas funções para esses espaços, onde memória, cultura e cidadania estivessem presentes O projeto seguiu os preceitos da nova museologia, movimento consolidado através da Mesa de Santiago, em 1972, pela Unesco, firmando os princípios do museu integral. A ideia era desenvolver atividades de valorização, preservação e divulgação do meio ambiente, com o intuito de proporcionar à comunidade a compreensão do seu papel como agente social. O Ecomuseu Ilha Grande teria quatro núcleos, que deveriam operar em estreita colaboração, com o objetivo de contribuir decisivamente para o crescimento ordenado na região, seguindo o que o museólogo Georges Rivière defendia como expressão da humanidade e da natureza. No caso, uma noção progressiva, onde cultura e diversidade pudessem dialogar de forma ampla e irrestrita.