Práticas integrativas e complementares em adultos com insuficiência cardíaca: revisão de escopo

Abstract

Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) é o estágio terminal de diversas doenças cardiovasculares (DCV), possui elevada taxa de mortalidade e mais de 70% de reinternações em 5 anos para pacientes graves. Medidas preventivas e o manejo da IC são questões de saúde pública global. As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) são abordagens terapêuticas que aliadas ao tratamento convencional (TC) auxiliam no cuidado longitudinal dos pacientes com IC. Objetivo: Identificar evidências de aplicabilidade das PICS para pacientes com IC. Métodos: Revisão de escopo norteada pelo PRISMA extension for scoping reviews (PRISMA-ScR), com a pergunta: “Quais são as evidências científicas sobre potencialidades e eficácia das PICS nos portadores de IC?”. Buscas em quatro bases de literatura: MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online/PubMed), EMBASE (Elsevier), CENTRAL (The Cochrane Central Register of Controlled Trials/The Cochrane Library) e EBSCOhost. Além de pesquisas no Mapa de Evidências Terapias Complementares para DCV da Fundação Oswaldo Cruz. Elegibilidade de revisões sistemáticas (RS) e/ou Meta-análises (MA): estudos randomizados referentes a quaisquer PICS ou Terapias alternativas correlatas associadas ao TC na IC, adultos acima de 19 anos, sem restrição de idiomas. Resultados: Foram identificados 739 registros, sendo 174 elegíveis para leitura de texto completo, destes 18 foram selecionados. As seguintes PICS com os respectivos desfechos foram identificadas para tratamento complementar na IC: (1) acupuntura, termalismo (terapia Waon) - Peptídeo Natriurético Cerebral (BNP), pressão arterial, melhora na classe funcional (CF) da NYHA; (2) dançaterapia, intervenção mente-corpo, exercício tradicional chinês (Tai Chi) - VO2 pico, teste de caminhada de 6 minutos (TC6m); (3) fitoterapia (Qili Qiangx, Fuzi, Yiqi Fumai) - mortalidade e eventos cardiovasculares. Todas as intervenções avaliaram qualidade de vida (questionários Lee, Kansas, Minnesota e Short Form SF-36) e efeitos psicossomáticos. Em relação ao controle, as melhoras nos desfechos foram discretas ou nulas, mas não houve eventos adversos importantes. Tai Chi demostrou ser útil e seguro em programas alternativos de reabilitação cardiovascular. Nenhuma terapia reduziu mortalidade. Conclusões: A integração das PICS na cardiologia representa um avanço para a saúde pública, promovendo cuidado holístico e autogerenciamento, fortalecendo a relação médico-paciente e melhorando a qualidade de vida. Há desafios na implementação universal e acessível dessas práticas. Existe a necessidade de modelos validados para sua aplicação generalizada e oportuna das PICS na IC.