Efeito das características clínicas na cura clínica e abandono do tratamento em uma coorte de gatos com esporotricose atendidos em um centro de referência no Rio de Janeiro

Abstract

A esporotricose é uma doença micótica no qual o gato é a principal fonte de infecção de Sporothrix sp. No estado do Rio de Janeiro, o número de casos da esporotricose felina permanece sem controle, o que a caracteriza como um agravo à saúde pública. Em vista disso, este estudo avaliou o efeito das características clínicas na cura clínica e abandono do tratamento em uma corte de gatos com esporotricose. Desse modo foram incluídos dados retrospectivos de uma coorte de 226 gatos com diagnóstico de esporotricose atendidos em um centro de referência no Rio de Janeiro nos anos de 2018 a 2020. As variáveis envolveram características do perfil clínico, epidemiológico e terapêutico dos pacientes. O tratamento dos animais foi composto por itraconazol em monoterapia ou associado ao iodeto de potássio. Foram realizadas curvas de sobrevivência considerando o desfecho cura pelo método de Kaplan Meier. Foram utilizados modelos de Cox estendido (por risco específico), simples e múltiplo, para estimação do efeito dos fatores nos dois desfechos: tempo até a cura e tempo até o abandono de tratamento. As variáveis selecionadas para ajuste nos modelos múltiplos foram: sinais respiratórios, tratamento anterior, lesões cutâneas, lesões mucosas e tempo de início de sinais clínicos para o início do tratamento, acesso à rua e tratamento Dos 226 gatos incluídos, 54,2% apresentaram cura clínica e 36,6% abandono durante o seguimento. Nos modelos múltiplos para os desfechos cura e abandono, O efeito da presença de lesões nas mucosas apresentou 48% menos risco de cura quando os sinais respiratórios estão presentes, enquanto os gatos com lesões nas mucosas apresentaram risco 155% maior de abandono de tratamento na ausência dos sinais respiratórios. Gatos com tratamento anterior tiveram risco 22% menor de cura clínica. O risco de abandono de tratamento aumentou em 222% na presença de lesões cutâneas. Nesse estudo foi avaliado pela primeira vez o efeito das lesões mucosas condicionado à presença de sinais respiratórios de forma tempo-dependente, no qual apresentam um papel diferenciado na cura e no abandono de acordo com a presença ou ausência de sinais respiratórios. Esse efeito das lesões mucosas e sinais respiratórios, bem como o efeito do tratamento anterior e presença de lesões cutâneas podem ser utilizados na priorização de estratégias para o tratamento e controle da esporotricose felina direcionado à redução de abandonos e aumento do sucesso terapêutico Dos 226 gatos incluídos, 54,2% apresentaram cura clínica e 36,6% abandono durante o seguimento. Nos modelos múltiplos para os desfechos cura e abandono, O efeito da presença de lesões nas mucosas apresentou 48% menos risco de cura quando os sinais respiratórios estão presentes, enquanto os gatos com lesões nas mucosas apresentaram risco 155% maior de abandono de tratamento na ausência dos sinais respiratórios. Gatos com tratamento anterior tiveram risco 22% menor de cura clínica. O risco de abandono de tratamento aumentou em 222% na presença de lesões cutâneas. Nesse estudo foi avaliado pela primeira vez o efeito das lesões mucosas condicionado à presença de sinais respiratórios de forma tempo-dependente, no qual apresentam um papel diferenciado na cura e no abandono de acordo com a presença ou ausência de sinais respiratórios. Esse efeito das lesões mucosas e sinais respiratórios, bem como o efeito do tratamento anterior e presença de lesões cutâneas podem ser utilizados na priorização de estratégias para o tratamento e controle da esporotricose felina direcionado à redução de abandonos e aumento do sucesso terapêutico.