Análise clínico-epidemiológica, padrão espacial e fatores associados aos danos fisiopatológicos da esquistossomose mansônica em Porto de Galinhas, Ipojuca(PE)

Abstract

A esquistossomose mansônica é uma doença tropical negligenciada endêmica em 78 países ao redor do mundo. Objetivou-se analisar o perfil clínico- epidemiológico e os fatores associados aos danos fisiopatológicos da esquistossomose mansônica em Porto de Galinhas, Ipojuca/PE, nos anos de 2000, 2010 e 2020. Trata-se de um estudo exploratório, com componentes descritivos e analíticos. Foram realizadas análises por meio da frequência absoluta e relativa. Considerou-se como variável dependente o padrão de fibrose de Niamey. Para a identificação de associações, o teste de qui- quadrado (x²) e exato de Fisher foram utilizados. Para medir a força de associação entre variáveis, foi aplicado o V de Cramer. Utilizou-se como medida de associação a Odds ratio (OR), juntamente com seus intervalos de confiança a 95% (IC95%). Foram propostos mapas descritivos dos casos de esquistossomose nas regiões de Salinas, Socó, Merepe III e Pantanal. A técnica de varredura espacial utilizada foi o método Scan de Kulldorff. Os mapas foram criados utilizando o QGis, (versão 3.12), e os resultados foram considerados estatisticamente significativos quando p-valor <0,05 for obtido para os riscos relativos calculados. Ao todo, foram diagnosticados 877 indivíduos com esquistossomose mansônica em Porto de Galinhas, Ipojuca/PE. Jovens, do sexo masculino, de cor parda e preta, nascidos em Porto de Galinhas e residentes há mais de cinco anos também foram considerados fatores de risco, bem como ter recebido tratamento anterior para a doença. O risco de fibrose foi observado nos indivíduos agudos e crônicos, o que poderia ser justificado pelo processo de reinfecção na localidade. Os resultados das análises espaciais apontaram um deslocamento de risco entre os bairros de Merepe III, que passou a ser considerado fator de proteção, e o bairro de Salinas, que passou a representar um fator de risco de adoecimento. A permanência da esquistossomose mansônica em Porto de Galinhas constitui um problema de saúde complexo, sendo necessárias políticas e estratégias de enfrentamento que considere a interrupção do ciclo de transmissão da doença.