Transtornos mentais comuns entre estudantes de medicina de uma universidade pública do sertão pernambucano: prevalência e fatores associados

Abstract

Os transtornos mentais comuns (TMC), também chamados antigamente de transtornos mentais menores, representam os quadros mais frequentes de transtorno mental com uma prevalência estimada de 9 a 12% da população mundial. Embora apresentem menor gravidade quando comparados com outros grupos de transtornos mentais, provocam prejuízo significativo nos relacionamentos e na qualidade de vida de seus portadores. Eles têm maior chance de surgir pela primeira vez no início da vida adulta, principalmente no período universitário. Estudos que investigam a prevalência de transtornos mentais comuns entre estudantes têm demonstrado valores mais elevados do que na população em geral, especialmente entre estudantes de medicina. Os resultados encontrados em estudos brasileiros apontam uma prevalência entre 30% a 50% de algum tipo de transtorno mental comum nesse público. Com a expansão de cursos de medicina e ampliação da cobertura da atenção médica no país, o fenômeno do adoecimento tende a crescer e exigirá do campo da educação médica a realização de mais pesquisas para compreender e intervir junto a essa problemática. O objetivo deste trabalho foi analisar a prevalência de transtornos mentais comuns entre estudantes de medicina da Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF (PE) e os fatores associados. Tratou-se de um estudo transversal e descritivo, com abordagem quantitativa, realizado de janeiro a maio de 2024, com 273 alunos do primeiro ao décimo segundo semestre do curso de medicina. Foram coletados dados socioeconômicos, informações sobre o curso e sobre a rede de apoio social. Para o rastreamento de TMC foi utilizado o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20). A prevalência de TMC encontrada foi de 67,4%. Os TMC apresentaram-se associados (p < 0,05) a receber suporte financeiro suficiente, mas que não sobrava para lazer, considerar o desempenho no curso como ruim ou regular, sentir cansaço durante os turnos de aula, autocobrança excessiva, sentir muita pressão dos professores e não praticar atividade de lazer na frequência desejada. Os resultados demonstraram elevada prevalência de TMC, maior na presente amostra do que em outros estudos com estudantes dos cursos de medicina, o que reforça a tendência de aumento dos transtornos nesse público e a necessidade de ampliar as pesquisas sobre esse tema, explorando as causas do adoecimento mental, consequências e possíveis intervenções voltadas para a promoção da saúde mental dos estudantes, auxiliando na implementação de programas de apoio e prevenção, melhorando a qualidade de vida e a formação desses futuros profissionais da saúde..