Please use this identifier to cite or link to this item:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/69794
A DESINFORMAÇÃO COMO UM CAMPO CONTESTADO: DESAFIOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS E A ÉTICA DA PESQUISA COM O “OUTRO DESCONFORTÁVEL”
Alternative title
Disinformation as a contested field: theoretical-methodological challenges and research ethics with the “uncomfortable other”Affilliation
Universidade Estadual de Campinas. Campinas, São Paulo, Brasil.
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde. Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde. Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
Este artigo trabalha a desinformação científica em saúde como um campo contestado a partir de um estudo sobre os usos e os sentidos atribuídos à ciência e ao jornalismo por usuários do Telegram. Realizamos nossa pesquisa em três canais sobre covid-19 no aplicativo e observamos que o debate sobre a vacinação contra a doença era permeado pelo compartilhamento de valores cristãos, conservadores e neoliberais, especialmente aqueles relacionados à liberdade, ao liberalismo econômico, à moral e à família. Diante disso, apresentamos os desafios teóricos, metodológicos e éticos de realizar pesquisa com um “outro desconfortável” que adere a valores e narrativas que questionam a eficácia das vacinas contra a covid-19, colocando à prova a proteção sanitária da população e dos indivíduos, além de apresentarem crenças, normas e valores que entram em oposição com as nossas visões de mundo. Esses interlocutores, cujas crenças entram em conflito com nossas visões de mundo, nos levaram a explorar a “antropologia sombria” para compreender o impacto do neoliberalismo e as dinâmicas emocionais e morais envolvidas na pesquisa com grupos que promovem desinformação, refletindo sobre a ética da observação anônima, a dificuldade de acesso a interlocutores desconfiados e os impactos emocionais do trabalho de campo em ambientes hostis. Além disso, concluímos que é necessário problematizar a neutralidade acadêmica diante de grupos que promovem desinformação e discursos extremistas.
Share