Entre flores e espinhos: escrevivência de uma psicóloga residente em saúde da família da população do campo no Distrito Federal

Abstract

Este trabalho pretende abordar uma visão da autora, por meio da dimensão teórica metodológica da escrevivência, diante da experiência de atuar em um programa de residência multiprofissional em saúde da família com ênfase na saúde da população do campo. Tem como objetivo analisar as experiências do processo de trabalho, refletindo tanto nos desafios encontrados na atuação no território, quanto nas possibilidades e potencialidades. Conceição Evaristo traz em suas obras a noção da escrevivência dentro da literatura, buscando dar visibilidade e enaltecer as escritas decoloniais e de mulheres negras. Trata-se de trabalhar a escrevivência como possibilidade de levar a escrita acadêmica para um lugar mais subjetivo, onde a experiência, objeto de estudo deste, com todos os seus atravessamentos, são valorosos para buscar compreender os reais desafios da atuação profissional dentro de uma unidade básica de saúde, pensando então em estratégias para enfrentamento dos mesmos. Os resultados da pesquisa revelaram a existência de grandes lacunas entre a teoria e a prática, evidenciando desafios como a dificuldade de acesso da população do campo aos serviços de saúde, as inequidades sociais presentes, o próprio trabalho interdisciplinar e com a rede intersetorial da saúde. Apesar dos desafios, foi possível desenvolver um trabalho junto à comunidade valorizando a educação em saúde, a partir de trabalhos em grupo, visitas domiciliares, atendimentos compartilhados. A escrita das vivências proporcionou uma nova forma de olhar para os desafios enfrentados e reafirmou a importância de ter uma postura ética e política no exercício profissional.