Divulgando as ciências em perspectiva africana: o conto Era Afrofuturista enquanto potência epistêmica

Abstract

O afrofuturismo é um movimento potente para promover a descolonização do pensamento e da divulgação científica, pois dialoga com questões políticas, sociais e antropológicas do passado, presente e futuro de uma África em que a colonização não eliminou o sonho africano - que, ao contrário do sonho americano, promove o empoderamento das pessoas negras. A história da ciência pode não ser nem uma única história e nem uma ciência no singular, pois são vários povos, várias histórias, culturas, descobertas, invenções, releituras, epistemologias, métodos científicos e, por que não, formas de divulgar as ciências. O objetivo deste trabalho é apresentar, por meio do conto “Era Afrofuturista”, de Lu Ain-Zaila, como a literatura de ficção científica afrofuturista ajuda na divulgação e compreensão das ciências africanas e afrodiaspóricas, descolonizando saberes e promovendo a equidade racial nos processos de divulgação de ciências. Busca-se contribuir para tornar o campo na comunicação pública das ciências cada vez mais transdisciplinar. Por meio da abordagem qualitativa e natureza exploratória em que se utiliza o método de análise de discurso, realizamos um levantamento bibliográfico e apresentamos uma análise detalhada do conto, destacando quais são os elementos principais que o classificam como uma potente narrativa de divulgação em ciências em afroperspectiva. Consideramos na análise as questões históricas dos países africanos, suas diversas descobertas e produções científicas e/ou tecnológicas, bem como suas experiências diaspóricas retratadas no conto. Espera-se que os resultados deste trabalho apresentem para educadores, cientistas e divulgadores de ciências modelos científicos diferenciados que possam trazer novas perspectivas de trabalho e estudos na área.