Análise da resistência e virulência de Helicobacter pylori obtidas de pacientes de hospital da cidade do Recife-PE

Abstract

Helicobacter pylori é um patógeno importante na etiologia de doenças gástricas, incluindo a gastrite crônica, úlceras pépticas, linfoma de tecido linfóide associado à mucosa gástrica e câncer gástrico. Estima-se que metade da população mundial está infectada com H. pylori, e que a prevalência da infecção varia entre as regiões e com as condições econômica e social. Em Recife-PE, no entanto, não existem estudos recentes avaliando padrões de virulência, resistência e seus mecanismos, sendo esta última, considerada o maior desafio no campo das doenças infecciosas. Estudos recentes relatam elevada frequência de resistência para os principais antimicrobianos utilizados na terapia tripla de primeira linha, sendo considerada uma situação globalmente alarmante. Portanto, este trabalho teve como objetivo avaliar a virulência e resistência de H. pylori obtidos de pacientes de um hospital público do Recife-PE. Além disso, buscou-se descrever o perfil clínico-epidemiológico desses pacientes infectados. Participaram da pesquisa 147 pacientes submetidos à Endoscopia Digestiva Alta (EDA). Desses, 48% (71) apresentaram resultados histopatológicos positivos para a presença do H. pylori. Houve predominância do sexo feminino, representando 62% (44/71) dos casos, além da faixa etária acima de 44 anos de idade 65% (46/71) dos pacientes infectados. A confirmação do microrganismo foi realizada através da PCR, com identificação do gene ureC, que foi encontrado em 100% (71) das amostras positivas. A análise genética de fatores de virulência mostrou que 84%, 56%, 69% e 100% dos isolados foram positivos para o cagA, cagM, oipA e vacA respectivamente. A combinação alélica mais frequente do vacA foi a s1m1, seguida por s1m2. Na avaliação histológica, dos 71 pacientes com laudos positivos foram observadas alterações como gastrite atrófica e metaplasia intestinal. Foram submetidos ao tratamento de primeira linha dezessete pacientes. Desses, 52,9% (9) realizaram o tratamento durante sete dias e 47,1% (8) durante quatroze dias. Após realização do tratamento, 23,5% (4) apresentaram ineficácia terapêutica. Além disso, percebeu-se que a taxa de erradicação do H. pylori em pacientes que receberam terapia durante sete e quatorze dias não apresentou diferença significativa. A mutação A2143G foi identificada nas amostras de pacientes que não foram sensíveis ao tratamento. Esses resultados devem ser considerados para evitar falhas na terapia de erradicação.