Sobrepeso e obesidade: sistematização das experiências de mulheres que participaram de um grupo de atividade física no contexto do campo no Distrito Federal

Abstract

A prática de atividade física configura-se enquanto um importante recurso para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis como o sobrepeso e a obesidade, contribuindo para redução do peso e melhoria da qualidade de vida, valorização do corpo, interação e fortalecimento de vínculo social. Entretanto, o contexto do campo amplia as barreiras de acesso para a prática de atividade física, especialmente para as mulheres. Este estudo teve por objetivo refletir sobre as experiências com mulheres em condição de sobrepeso ou de obesidade que integram um grupo de atividade física no contexto de uma comunidade do campo no Distrito Federal. Trata-se de um estudo do tipo exploratório, com abordagem qualitativa, cujas informações foram obtidas por meio dos registros de um diário de campo e analisadas recorrendo-se ao método de Sistematização de Experiência (SE). Participaram do grupo de atividade física seis mulheres vinculadas à UBS 15, moradoras do Núcleo Rural do Rio Preto, em Planaltina-DF. Os reflexos da participação grupal na vida dessas mulheres e, sobretudo na sua condição de sobrepeso ou de obesidade promovidas pela sistematização da experiência possibilitaram perceber redução significativa nos marcadores laboratoriais no peso corporal das mulheres, com exceção de três mulheres, duas apresentaram impedimento de frequentar continuamente os encontros e uma possui dislipidemia hereditária. Observou-se também que a participação nos grupos permitiu às mulheres iniciar um processo de reeducação alimentar e nutricional, autonomia nas escolhas alimentares por alimentos saudáveis, melhora do (re)conhecimento da imagem corporal, da autoestima e da autoavaliação positiva de saúde. Esta sistematização permitiu compreender que mesmo em um contexto adverso como uma comunidade do campo é possível alcançar mudanças significativas na qualidade de vida das mulheres camponesas a partir de atividades educativas de cunho dialógico e participativo, a qual as participantes eram sujeitas autônomas do processo.