Please use this identifier to cite or link to this item:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24646
Type
ArticleCopyright
Open access
Collections
- COC - Artigos de Periódicos [1234]
Metadata
Show full item record
POLÍTICA DE COTAS RACIAIS, OS "OLHOS DA SOCIEDADE" E OS USOS DA ANTROPOLOGIA: O CASO DO VESTIBULAR DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB)
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Casa de Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Fundação Oswaldo Cruz. Casa de Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Fundação Oswaldo Cruz. Casa de Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Abstract in Portuguese
A Universidade de Brasília (UnB) foi a primeira instituição de ensino superior federal a adotar um sistema de cotas raciais para ingresso através do vestibular, a partir do segundo semestre de 2004. A iniciativa da instituição, devido sobretudo à estratégia de estabelecer uma comissão para homologar a identidade racial dos candidatos a partir da análise de fotografias, gerou um intenso debate na sociedade, que se estendeu para muito além da comunidade universitária. Sugerimos que ao lidar com uma questão sociopolítica, ou seja,
procurar estabelecer um privilégio para determinado grupo com o intuito de corrigir injustiças históricas e, ao mesmo tempo, controlar os potenciais “burladores raciais”, o aparato acadêmico-burocrático da UnB, em aliança com o movimento negro, buscou mobilizar parâmetros supostamente objetivos. Esses critérios, afeitos a uma sorte de anátomo-psicologia racial, geraram uma temporada de disputas científico-políticas de amplo espectro, na medida em que os próprios critérios estabelecidos foram objeto de controvérsias. Um aspecto
particularmente significativo é que no caso UnB há o acionamento de temas caros à reflexão antropológica, ou seja, no plano das técnicas, chegou a envolver a prática da antropologia enquanto atividade de “peritagem racial”. Nosso intuito nesse trabalho é refletir sobre esse contexto, particular em suas especificidades,
mas de considerável abrangência no que tange ao envolvimento (e aos usos) da antropologia na dinâmica de processos contemporâneos.
Abstract
The University of Brasilia (UnB) was the first Brazilian federal university to adopt racial quotas as part of its admission procedures, reserving 20% of places in all courses for "black" students. The system came into effect in the second semester of 2004. The university's initiative generated intense debate not only in the academic community but throughout Brazilian society, in particular because the means adopted to decide eligibility under the program was to set up a commission that determined the racial identity of candidates by analyzing their photographs. The university bureaucracy, allied with the black movement, chose this method to deal with a sensitive socio-political issue. The aim was to privilege black Brazilians in order to remedy historical injustices, and at the same time eliminate potential "racial cheaters," by setting supposedly objective parameters. The application of these criteria, influenced by a kind of racial-anatomical psychology, led to a period of wide spread scientific and political dispute, especially because the criteria themselves were highly controversial. A particularly significant aspect of the University of Brasilia case is that it requires us to think about the uses and abuses of anthropology, since on a technical level the practice of anthropology was invoked as "racial expertise." Our purpose in this paper is to reflect on the context of this case, which, although specific, points to the wider involvement (and to the uses) of anthropology in the dynamics of contemporary political and social processes.
Share