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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/2505
A EPIDEMIA DE FITNESS: UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Bastos, Wanja de Carvalho | Date Issued:
2010
Alternative title
The epidemic of Fitness: a public health issueAuthor
Advisor
Comittee Member
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
A proposta desse estudo é provocar um estranhamento a respeito de uma condição
naturalizada e disseminada, principalmente pelos campos da saúde, política e economia,
contudo apenas percebida, inicialmente, nos espaços de atuação da educação física. O
fato em questão refere-se à transformação dos hábitos e comportamentos dos
indivíduos, alvo de controle por parte de especialistas interessados em promover, a
qualquer preço, a saúde, a beleza e o vigor dessas pessoas. No entanto, como o
significado da saúde para esse conjunto de profissionais e leigos ficou reduzido aos seus
aspectos biológicos, o corpo no século XXI se transformou em terreno favorável às
ações obsessivas na ordem da prevenção. Outro ponto abordado no estudo é a rede
estabelecida entre este fato e os empreendimentos criados por parte de empresas
atuantes no mercado de bens destinados a otimizar a vida e a beleza; tudo isso com o
endosso da ciência e da mídia de massa. O estudo, então, parte da visão foucaultiana de
biopoder, acompanhando, ainda, as reformulações propostas para o nosso século, por
Nikolas Rose, no que se refere a este poder sobre a vida dos indivíduos. É nesse sentido
que traduzo a participação dos governos liberais avançados, na engrenagem de
responsabilização do sujeito pela vida em si, como também interpreto o ambiente social
estabelecido em decorrência desse processo de desqualificação do espaço público,
incrementando projetos voltados à ampliação de estilos de vida individualizantes, ou
seja, focados no próprio corpo. Dessa maneira, quando explano o interesse dos poderes
oficiais e privados em incutir nos indivíduos a responsabilidade pela vida em si e todas
as nuances embutidas nesse universo, emergem assuntos alinhados com as frequentes
crises de insegurança, medo generalizado da morte e o lamentável perfil egoísta das
relações modernas. Portanto, a atuação das autoridades engajadas com a biopolítica do
indivíduo, não mais das populações, forja uma situação de sofrimento pouco
considerada pela área da saúde. Foi por meio da articulação de conceitos como
globalização, história da beleza, longevidade, hedonismo e o pensamento nietzscheano,
que criei a base para construir a discussão teórica necessária que apontasse para o que
denomino “epidemia de fitness”. O caminho realizado para atingir as fontes e o método
empregado, dos saberes indiciários, partiu de um estudo de caso da Expo Wellness Rio
2009. E ainda, fazendo contraponto a este ambiente ascético, repleto de moralismo, em
que as pessoas são impelidas ao autocontrole incessante, adoto a filosofia de Nietzsche
para relativizar as certezas e ameaças sentidas pelo “homem doente”, expressão
incessantemente empregada pelo filósofo em seu livro Genealogia da Moral.
Abstract
The proposal of this study is to create a sensation of weirdness about a condition
naturalized and widespread mainly in the fields of health, politics and economics,
however, initially only perceived in the activities of physical education. The fact in
question relates to the transformation of the habits and behaviors of individuals, subject
to control by experts interested in promoting health, beauty and vigor of those people,
no matter what it takes. However, as the meaning of health for this group of
professionals and lay persons was reduced to its biological aspects, the body in the XXI
century became a favorable terrain to obsessed actions in the field of prevention.
Another topic is the network established between this fact and the enterprises created by
companies whose field of action lies in the production of goods destinated to optimize
life and beauty, all of this with the endorsement of science and mass media. Therefore,
the study takes support on Foucault’s vision of biopower and follows the reformulations
proposed for our century, by Nikolas Rose, with regard to such power on the lives of
individuals. That is why I translate the participation of advanced liberal governments in
the gear of the subject’s responsibility for life itself, but also I interpret the established
social environment as a result of this process of disqualification of the public space,
improving projects aimed at the increase of individualizing life styles, which means
focused on the body. Thus, when speaking of the interest of official and private powers
to instill in individuals the responsibility for life itself and all the nuances embedded in
that universe, some issues emerge, in line with the frequent bouts of insecurity,
widespread fear of death and the unfortunate selfish profile of modern relations.
Therefore, the actions of the authorities concerned with the biopolitics of the individual,
and no more of the populations, forge a situation of suffering poorly regarded by the
health field. It was through the articulation of concepts such as globalization, history,
beauty, longevity, hedonism and the nietzschean thought, that I created the foundation
for building the necessary theoretical discussion that would point to what I call a
“fitness epidemic”. The way I chose to achieving sources and the methods applied,
indiciary knowledge, came from a case study of Expo Wellness Rio 2009. And yet, as a
counterpart to this ascetic atmosphere, filled with moralism, in which people are driven
to unceasing self-control ; I adopt the philosophy of Nietzsche to the relativize the
certainties and threats experienced by the "sick man", a term constantly used by the
philosopher in his book Genealogy of Morals.
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