Avaliação do consumo de álcool em universitários do curso de Direito em uma universidade pública no estado do Rio de Janeiro

Abstract

O álcool é uma substância psicoativa mundialmente consumida, principalmente pelos jovens e causa um grande número de mortes. Por isso, seu consumo é considerado um problema de saúde pública. O consumo abusivo de bebidas alcoólicas é um importante fator associado à adoção de condutas de risco e ao desenvolvimento de doenças. A entrada na universidade é considerada um período crítico para o início ou aumento do consumo de psicoativos pelos universitários. O objetivo deste trabalho foi determinar o perfil do consumo de bebidas alcoólicas, sua prevalência e seus fatores relacionados em acadêmicos do curso de Direito da Universidade Federal do Estado de Rio de Janeiro (UNIRIO). Trata-se de um estudo transversal com 103 alunos do curso de Direito da UNIRIO. Foi utilizado um questionário com informações sobre hábitos de vida, características sociodemográficas, instrumentos sobre o consumo de álcool (AUDIT para mensurar o padrão de consumo e CAGE para detectar dependência do uso do álcool), sofrimento psíquico (SRQ-20) e uma pergunta para avaliar a estrutura familiar e apoio social. Foi feita a comparação entre o primeiro e último ano de curso. A maioria dos universitários era do sexo masculino, cor branca, sem religião e já consumiram bebidas alcoólicas (97,1%). O consumo prejudicial ocorreu em 35,1% (AUDIT), associado com relacionamento familiar ruim (OR=2,98; IC 95% 1,14-8,01), assistir publicidade (OR=7,11; IC 95% 2,80-19,44), tabagismo (OR=8,67; IC 95% 3,44- 23,57), uso de maconha (OR=8,07; IC 95% 3,18- 22,04) e considerar que após provas (OR=10,18; IC 95% 3,19- 45,88) ou dia estressante de faculdade (OR=3,46; IC 95% 1,46- 8,72) eram momentos mais propícios para ingestão de bebidas. Dependência ocorreu em 16,7% (CAGE) e 39,8% apresentavam sofrimento psíquico (SRQ-20). A dependência estava associada principalmente à presença de sofrimento e ao uso de psicoativos. O consumo de risco e a presença de sofrimento aumentaram consideravelmente ao compararmos primeiro e último ano. Com esses achados, pode-se direcionar políticas de conscientização e prevenção para estes grupos mais expostos.