Câncer de mama e visibilidade: narrativas autobiográficas no Facebook

Abstract

A estimativa do câncer de mama é de 59.700 mil novos casos, o que demonstra a relevância de pesquisas no campo da comunicação e saúde. Esta vivência marca uma ruptura na vida da mulher, o que demanda novas formas de agir em relação à doença. Deste modo, observa-se de modo recorrente narrativas autobiográficas de mulheres que encontram nas mídias a possibilidade de expressar os impactos desta experiência. Compreender os sentidos da produção de narrativas autobiográficas de pacientes com câncer de mama no Facebook e identificar temas relevantes em suas postagens. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com amostragem aleatória, que buscou analisar as postagens de duas páginas abertas de Facebook de mulheres com o câncer de mama. A primeira página apresenta quase 109 mil seguidores. A segunda conta com aproximadamente 78 mil. A análise foi realizada no período de um mês (de 20 de janeiro a 20 de fevereiro de 2018). Como estratégia de investigação e produção de dados buscou-se as contribuições da Análise do Discurso sobre a produção e circulação discursiva dos sentidos sobre a doença. Foram analisados os temas mais relevantes nas postagens sobre esta experiência, e o que poderia estar associado às mesmas. Chama a atenção nas páginas analisadas a interação com a audiência. Predominam publicações de histórias de superação de seguidoras com cânceres de mama e outros, incentivadas a darem seus depoimentos. Aparecem com frequência publicações em parceria com médicos para divulgação e esclarecimento de informações médicas sobre alguns cânceres, mama e outros. Na primeira página a alimentação está fortemente ligada ao câncer e na segunda manifesta-se um cunho político de busca por acesso ao tratamento e medicamento na rede pública. Nestas relações, as mídias sociais são um espaço valorizado para produzir e fazer circular sentidos sobre o câncer, atravessado por mediações culturais, sociais e biomédicas. As mídias são hoje um espaço valorizado de produção discursiva, bem como ator social na construção de sentido sobre saúde-doença, e se autorizam na construção de saber sobre as doenças, sobretudo quando o assunto é câncer, doença marcada pela lógica do risco, seja com a disponibilidade de informações médicas, seja com narrativas autobiográficas de pacientes oncológicos.