Sentidos do trabalho, sentidos da aposentadoria num contexto de incertezas

Abstract

O relato é referente a um Programa de Preparação para Aposentadoria, realizados nos anos de 2016 e 2017. Mudanças no cenário político nacional impactam trabalhadores em condições de aposentadoria, porém não desejosos da mesma, em instituição pública. Fornecer instrumentos objetivos e subjetivos para que os trabalhadores tenham as condições necessárias para a tomada de decisão. Apoiar a tomada de decisão sobre aposentar-se ou não de forma crítica e em harmonia com sua história. Metodologia crítico-reflexiva e participativa, sob a ótica da saúde do trabalhador. Construíram-se módulos educativos cujos temas buscam oferecer aos trabalhadores um leque de ferramentas que lhes forneçam suporte objetivo e subjetivo na decisão de aposentar ou manter-se no espaço laboral. Parte dos relatos apontam aspectos que transcendem a esfera laboral. Há identificação entre trabalhador e instituição de modo que sua história pessoal é atravessada pela institucional, criando sentidos diversos ao trabalho. Destaca-se que a instituição oferece várias atividades esportivas e culturais, alimentação, educação, saúde, alguns deles extensivas à família do trabalhador. Além disso, muitos construíram os espaços de trabalho nos quais estão inseridos. Na atualidade, temos assistido a um desmonte em moldes de reformas e a quebra de direitos que garantiam formas mais justas de relações de trabalho. Na balança de força atual, há uma batalha pela reforma da previdência, cujo principal efeito é o aumento do tempo de anos trabalhados e diminuição do valor recebido na aposentadoria. Essas transformações no cenário nacional têm levado trabalhadores a pensarem em aposentar precocemente, deixando um trabalho ainda cheio de sentidos para eles. A aposentadoria deveria se configurar em condição de direito, mas vem carregada de valores que confrontam a identidade de trabalhador. Essa constatação sugere que cada vez mais precisamos de espaços coletivos de escuta e construção para que se possa reconfigurar novas identidades sem, no entanto, perder a anterior, especialmente em tempos de grandes mudanças sociais como em ocasião de reformas previdenciárias que geram impactos financeiros e subjetivos.