Excesso de peso e anemia em mulheres adultas xavante em idade fértil (Mato Grosso)

Abstract

Estudos têm demonstrado um acelerado crescimento de doenças crônicas em indígenas do Brasil, principalmente a obesidade. Paradoxalmente, observa-se elevadas prevalências de doenças carenciais, como anemia. Mulheres indígenas em idade fértil constituem um segmento populacional acometido por ambas doenças, apresentando prevalências maiores que mulheres não-indígenas, segundo inquéritos nacionais. Avaliar a relação entre excesso de peso, anemia e concentração de hemoglobina em mulheres adultas Xavante em idade fértil. Estudo transversal, realizado nas aldeias Xavante da Terra Indígena Pimentel Barbosa (Mato Grosso), em julho/agosto de 2011. Coletou-se dados demográficos, antropométricos e dosagem de hemoglobina em 174 mulheres (18-49,9 anos), visando o universo da população. Para o diagnóstico de excesso de peso (sobrepeso e obesidade), utilizou-se o IMC e para o diagnóstico da anemia, a concentração de hemoglobina (HemoCue - Hb 301). Os pontos de corte foram os recomendados pela OMS (1995;2001) em ambas as situações. Nas análises estatísticas, foram utilizados o teste qui-quadrado, o teste T-Student e a correlação de Pearson (IC=95%). A anemia foi constatada em 57,3% das mulheres e o excesso de peso, em 71,0%. Dentre as mulheres com excesso de peso, 56,8% apresentaram anemia. As mulheres (34,7%), seguida do grupo de idade entre 25 e 35 anos (33,2%). A diferenças entre os grupos foi significativa (0,001). As mulheres maiores frequências de anemia (41,6%; p=0,488). A média de concentração de hemoglobina nas mulheres com excesso de peso foi de 11,8 g/dl, enquanto nas eutróficas foi de 12,2 g/dl (p=0,201). A correlação do IMC com a hemoglobina foi negativa e significativa (r=-0,124; p=0,017). Há uma relação entre anemia e excesso de peso nas mulheres Xavante em idade fértil, parecendo coexistirem as duas doenças. Uma das quais uma condição típica de excesso, a obesidade, e outra característica de carência, anemia. Descobertas recentes têm sinalizado a obesidade como uma doença inflamatória e sistêmica, agravada por cenários de precárias condições de vida, como ocorre entre os indígenas do país.