A resistência a antimicrobianos: revisão sobre o uso de antibióticos em animais e a resistência em humanos

Abstract

Na última década, houve um aumento significativo do número de bactérias resistentes a antimicrobianos por todo o mundo. Entre os diferentes fatores que podem promover a pressão seletiva que leva à resistência a antimicrobianos (AMR), está o uso de antibióticos em animais. Neste sentido, considerou-se oportuno mapear os estudos na literatura científica que abordassem a temática do uso de antibióticos em animais e a AMR em humanos para localizar o status do debate. Além disso, também se considerou relevante identificar como a questão do uso de antibióticos em animais vem sendo tratada na Organização Mundial da Saúde (OMS) no contexto das discussões e medidas para o enfrentamento da AMR. O presente estudo é uma pesquisa qualitativa, envolvendo uma série de abordagens e etapas, entre elas: revisão de escopo (do inglês Scoping Study ou Scoping Review) sobre a relação em questão e análise documental dos relatórios e resoluções da OMS sobre o plano global de enfrentamento a resistência a antimicrobianos. Os trabalhos selecionados e analisados na revisão de escopo identificaram diferentes desenhos de estudo e abordagens visando demonstrar a relação entre o uso de antibióticos em animais e a AMR em humanos. Os artigos analisados apontam para uma relação entre o uso de antimicrobianos em animais e a AMR em humanos. No entanto, o que alguns autores consideram sem resposta é a magnitude dessa relação, representando uma lacuna de conhecimento. A vigilância epidemiológica foi identificada como fundamental para desvendar as lacunas de conhecimento. Para evitar o avanço da resistência a antimicrobianos, alguns atores recomendam utilizar uma estratégia intersetorial que aborde diferentes pontos do problema, controlando o consumo do medicamento em seres humanos e animais e diminuindo a poluição do meio ambiente. Diversos países, tais como o Brasil, e instituições desenvolveram planos de enfrentamento ao problema. A partir disto, conclui-se que a relação entre a saúde humana e animal, no que diz respeito à AMR, é reconhecida por diversos países e instituições como um problema de saúde pública e que as lacunas de conhecimento não foram barreiras para a implementação de estratégias de enfrentamento, pois elas foram implementadas com base no conhecimento atual sobre o problema. No debate sobre os efeitos provocados à saúde humana por atividades ou uso de produtos, sempre há controvérsias baseadas em diferentes argumentos científicos e interesses econômicos. Diante da ameaça que a resistência a antimicrobianos representa à saúde humana, deve\2013se dar prioridade aos interesses da saúde pública.