Internações Hospitalares por Infarto Agudo do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral no Estado Minas Gerais. Padrão espacial do uso dos serviços de saúde

Abstract

O uso dos serviços de saúde reflete um amplo processo de interação entre comportamentos, contexto, práticas de saúde e desfechos. Os fluxos de pessoas em busca de atendimento expressam as diferenças sociais e conflitos dos territórios e sua configuração pode revelar arranjos de redes que permite compreender a organização da saúde pública e avaliar a qualidade da regionalização. Entre as principais causas de mortalidade no mundo, o Infarto Agudo do Miocárdio e o Acidente Vascular Cerebral são eventos agudos que exigem do sistema de saúde uma organização para minimizar seu impacto na morbimortalidade. O estudo da distribuição de internações oferece um importante panorama do acesso oportuno à rede de serviços. O objetivo deste trabalho foi analisar as internações por Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e Acidente Vascular Cerebral (AVC) no estado de Minas Gerais, na perspectiva da regionalização da saúde, no período de 2000 a 2019. Trata-se de um estudo ecológico exploratório, com abordagem quantitativa e com fonte de dados as internações registradas no SIH. Foram utilizadas técnicas de análise exploratória no tempo e espaço, bem como análise do tempo e distância percorrida para internação. Para análise dos fluxos foram utilizadas medidas de grau e fluxo de entrada e saída. Utilizou-se o Modelo Aditivo Generalizado (GAM) com incremento espacial para estimar as chances de evasão do município. Os resultados foram maior exposição de homens, aumento nas internações por IAM, menor adensamento nas internações por AVC, um aumento das distâncias percorridas e do tempo de deslocamento em ambas as doenças, maior evasão da microrregião para internação por IAM, fluxos adensados na região metropolitana e uma alta centralidade na capital. O porte do município apresentou um gradiente inversamente proporcional à chance de evasão, assim como IDHM. Os efeitos espaciais no modelo simples apresentaram menor chance de evasão na região metropolitana, padrão que se inverte com modelo ajustado. O padrão de acesso vinculado ao aumento das distâncias percorridas e esse estudo pode apoiar a estratégias de alocação dos serviços além do aprimoramento do acompanhamento da regulação das doenças estudadas.