O perfil dos investigadores da rede nacional de investigação de surtos e eventos adversos em serviços de saúde

Abstract

A rede nacional de investigação de surtos de infecção e de eventos adversos em serviços de saúde foi criada em 2004 e possui um papel fundamental na identificação precoce, notificação, investigação, interrupção, prevenção e controle dos surtos relacionados à assistência à saúde. No contexto de uma política nacional de controle de infecção, a rede constitui uma das estratégicas para reduzir a incidência de agravos infecciosos relacionados à assistência sob a perspectiva da formação de um grupo de profissionais, distribuídos pelas unidades federadas do país, com formação específica para intervir nessas situações de crise. Este estudo tem como objetivo a identificação do perfil desse grupo de profissionais em 2008, por meio da busca de dados nos bancos disponíveis na Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em um estudo seccional descritivo quantitativo. Os resultados da análise sobre a composição da Reniss mostraram que a rede é composta por 93 investigadores, majoritariamente do sexo feminino (75/93), com idade entre 25 a 60 anos de idade, concentrando a atuação no âmbito estadual (59%) e federal (23%). A rede apresentou perfil multidisciplinar, com maioria de graduados em enfermagem (36/93), seguida por medicina (16/93) e farmácia (13/93). Os dados revelaram que 94% dos investigadores da rede são servidores públicos, com vínculo inferior a 10 anos (47/93) e distribuídos em todas as regiões do país. As doenças infecciosas e parasitárias foram os assuntos mais investigados para 86% dos integrantes e os problemas relacionados nos serviços de saúde corresponderam a 43% dos surtos em estabelecimentos relacionados à assistência à saúde. Os resultados mostram fragilidade na formação em informática (11%) dos investigadores. Outro fator que se destaca é que 30% dos profissionais possuem pouco ou nenhum respaldo do gestor, geralmente com o caráter político, para desenvolver as atividades de investigação propostas pela Reniss. Por outro lado, é evidente a insuficiência no processo de divulgação dos resultados encontrados pelos investigadores da rede. Esses elementos sugeriram a necessidade de revisão das diretrizes institucionais para a Reniss, com definição de estratégias que atendam as necessidades da população e para a formação de profissionais de saúde para a prevenção e a contenção de surtos, incluindo a oficialização da rede, educação permanente de seus integrantes, estruturação organizacional e de processos clínicos pela definição de uma política integrada entre as três esferas de governo para a vigilância das infecções nosocomiais.