A Arte em Papéis virtuais: análise dos Desenhos de Crianças (5 – 12 anos) sobre a Pandemia de COVID-19 da Campanha "Sentimentos no Papel" (2020) da Unicef Brasil

Abstract

Estamos vivendo em tempos pandêmicos e caóticos de drásticas mudanças sociais no Brasil e no mundo, que tiveram início em março de 2020 e permanecem neste ano de 2021. Neste difícil momento, precisa-se dar especial atenção às crianças e os grupos vulneráveis, que sofrem com as desigualdades sociais brasileiras e que apresentam maiores dificuldades de expressar seus temores em relação a como essas mudanças afetam e continuam afetando suas vidas. Por meio da arte, é possível para as crianças manifestarem, mais facilmente que por palavras, sentimentos relacionados a este período complicado que atravessamos. Assim, buscamos relacionar a arte com a realidade, analisando expressões culturais estimuladoras do emocional, cognitivo e psicológico na sociedade a partir da escuta da expressão infantil, através de uma de suas atividades favoritas, o desenho, na tentativa de compreender como este período afeta as crianças. Dessa forma, analisamos e observamos os desenhos e os apontamentos nos discursos enviados por vídeo e/ou relatos, presentes nas 15 obras artísticas disponibilizadas pela campanha “Sentimentos no Papel” da Unicef Brasil (2020) em suas redes sociais e que visa estimular crianças a expressarem seus sentimentos durante a pandemia de coronavírus, Sars-CoV2, causador da doença conhecida como COVID-19 no Brasil e no mundo. Sendo assim, aliamos a análise de desenhos com interpretações do discurso, buscando observar representações de conceitos científicos, aspectos emocionais, criativos e de linguagem que expressem a realidade nas obras dessa campanha, bem como outros elementos influentes sobre elas. Percebemos intensa influência nas atividades cotidianas das crianças entre quatro e 12 anos e em suas emoções, sendo manifestados sentimentos de ausência de inúmeros prazeres, novas atividades e diversões, diferenciadas em variadas idades, assim como destacamos o uso das tecnologias no processo de socialização em tempos de isolamento social. Por fim, gostaríamos que esse trabalho pudesse auxiliar o ensino de ciências e estimular a formulação de políticas públicas que acolham o público infantil nos programas de educação e saúde em conformidade com as necessidades, conhecimentos, medos e desejos revelados neste estudo, auxiliando a retomada da nova realidade e valorizando as suas formas de expressão