Declínio funcional e óbitos em residentes de Instituições de Longa Permanência para Idosos na cidade do Rio de Janeiro durante a pandemia de Covid-19

Abstract

Diante da pandemia do novo coronavírus – Covid-19 – um grupo da população mostrou-se mais vulnerável a esta infecção, evoluindo para a forma grave da doença e, em muitos casos, ao óbito. Fazem parte deste estrato mais exposto ao risco os indivíduos mais longevos e consequentemente mais frágeis. Dessa forma, os idosos que residem em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) apresentam este perfil e somado ao modelo de moradia coletiva, formam uma comunidade propensa para a contaminação e um desfecho desfavorável. Estudos realizados nos Estados Unidos da América e em alguns países da Europa, como na Itália, mostraram que mais de 50% do total de mortes ocorridas nestes locais, foram em idosos residentes em ILPIs. No Brasil, devido as falhas no sistema de informação de mortalidade nestas instituições, não possuímos dados precisos desta ocorrência, mas acredita-se que seja alto este índice. O perfil desta população apresenta um grau de dependência importante, necessitando de cuidados específicos por profissionais habilitados. Objetivo: analisar o declínio funcional e óbitos em residentes de Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) na cidade do Rio de Janeiro durante a pandemia de Covid-19. Método: estudo longitudinal em que foram coletadas as seguintes variáveis: dados sociodemográficos, modelos de instituição (pública, filantrópica e privada), tempo de institucionalização, quantidade de idosos por ILPI e capacidade funcional, antes e após nove meses do início da pandemia. Os desfechos foram capacidade funcional e mortalidade por todas as causas. A coleta dos dados foi indireta, de forma presencial com o respondente da instituição. A avaliação da CF foi realizada através da Escala de Katz. Por meio de regressão logística foi analisada a associação entre as variáveis e os desfechos declínio da capacidade funcional e óbito. Resultado: a CF teve maior declínio em indivíduos mais longevos, brancos, residentes em ILPI privadas e que apresentavam dependência moderada antes da pandemia. Os óbitos ocorreram em idosos com idade maior ou igual a 85 anos, pardos, em ILPIs com maior quantidade de residentes e em idosos com grau de dependência mais severo aferido antes da pandemia. As medidas restritivas, podem ter influenciado negativamente na funcionalidade dos residentes, uma vez que limitaram a mobilidade desses idosos e os privaram da continuidade dos atendimentos que favorecem a manutenção da capacidade funcional. Conclusão: Apesar de ser indicada a aferição da CF pelos órgãos competentes, evidenciou-se a pouca ou até mesmo a ausência do uso de instrumentos próprios para esse fim. Não se fazendo de forma padronizada e regular a mensuração da CF. O modelo de instituição e o número elevado de residentes por ILPI podem ter impactado na mortalidade dos residentes.