Aglomerados espaço-temporais da Tuberculose no município do Rio de Janeiro e seus determinantes sociais no período de 2010 a 2019

Abstract

Até a pandemia de COVID-19, a Tuberculose liderava as mortes causadas por um agente infeccioso. O Brasil, em 2016, esteve entre os 20 países com mais casos de Tuberculose. O município do Rio de Janeiro apresentou, em 2019, uma taxa de incidência três vezes a média nacional. Este estudo se propôs identificar aglomerados espaço-temporais de altas taxas de incidência de Tuberculose pulmonar, de 2010 a 2019, no município do Rio de Janeiro e os determinantes socioeconômicos e operacionais dos respectivos aglomerados. Esta pesquisa teve um delineamento ecológico misto no qual a unidade espacial foram os bairros e, a unidade temporal, os anos. As fontes de dados foram o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e o Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A identificação dos aglomerados espaço-temporais foi realizada pela Varredura Espaço-Temporal de Kulldorff e utilizou como modelo teórico, a distribuição de Poisson. A associação entre aglomeração dos bairros e aspectos socioeconômicos e operacionais relacionados à tuberculose foi reconhecida por regressão logística multivariada. Foram identificados sete aglomerados espaço-temporais espalhados pela cidade do Rio de Janeiro; a maioria apresentou uma longa duração em relação ao tempo de estudo. Os indicadores do modelo final foram: Taxa de analfabetismo das pessoas acima de 18 anos; Proporção de moradores com renda superior a 10 salários mínimos; e proporção do nº de casos confirmados laboratorialmente. O aglomerado com a maior carga de tuberculose, durou os três últimos anos do estudo, reconhecido possivelmente devido a melhora na qualidade dos registros de notificação e incluía a população privada de liberdade das unidades prisionais de seu território. Os demais aglomerados apresentavam a seguinte característica em comum: bairros com uma expressiva porcentagem de população vivendo em favelas. A combinação da análise espaço temporal e da modelagem estatística empregada neste estudo revelaram áreas onde o controle da tuberculose foi ineficaz pelo menos nos últimos 10 anos e elencou alguns dos determinantes socioeconômicos e operacionais dos respectivos aglomerados.