Utilização da caderneta da criança em Unidades de Atenção Primária de Saúde, no Município do Rio de Janeiro

Abstract

A Atenção Primária à Saúde (APS), assumindo uma forma mais ampla de cuidado com a Estratégia de Saúde da Família com práticas apoiadas no Conceito Ampliado de Saúde, tem um papel essencial no acompanhamento das crianças na primeira infância. Trabalhar na concepção da Promoção da Saúde, que inclui a importância do olhar sobre os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) durante as avaliações na puericultura, para que consigam alcançar os seus plenos potenciais na vida adulta. O objetivo deste estudo foi analisar o uso da caderneta da criança como instrumento para o acompanhamento do desenvolvimento integral das crianças de 0 a 6 anos, no município do Rio de Janeiro, pelos profissionais da APS, na perspectiva da Promoção da Saúde. Trata-se de um estudo qualitativo, de natureza exploratória, onde foram utilizadas três estratégias metodológicas para se chegar aos resultados, incluindo pesquisa documental, entrevista semiestruturada e grupo focal. Participaram da pesquisa médicos e enfermeiros de duas Unidades Básicas de Saúde e de suas Coordenadorias de Atenção Primária da Área de Planejamento. Os entrevistados entendem o Conceito Ampliado de Saúde e incluem os DSS na avaliação das crianças, porém ainda desempenham práticas diversas nas consultas, promovendo uma descontinuidade no Cuidado Integral. Isso é identificado pela falha nos registros no prontuário e pela subutilização da caderneta da criança, em todas as oportunidades de diálogo. Os motivos são mudanças no processo de trabalho, excesso de demandas, ausência do instrumento e/ou baixa qualificação profissional. Ainda assim, consideram a caderneta uma ferramenta de valor para servir de guia nas consultas e comunicação com a família e trazem considerações e sugestões para os modelos que circulam no município Procurou-se relacionar os achados da pesquisa com os resultados de trabalhos anteriores, que também analisaram o uso da caderneta entre os profissionais da APS, aqui sendo priorizada a discussão das práticas do cuidado enquanto relação e das estratégias utilizadas pelos profissionais, envolvendo a família e o território, buscando a equidade. A importância do processo educativo inserido no processo de trabalho se sobressai, como forma de qualificação através da integração dos saberes, objetivando a melhoria nas relações de cuidado com o usuário. A Atenção Integral à Saúde da Criança, na APS, envolve práticas com base na criação de vínculo e no estímulo à autonomia das famílias e crianças, a partir do contato horizontal e participativo, fazendo da caderneta da criança o veículo de comunicação, vigilância e promoção da saúde, para o que ela foi proposta.