Vulnerabilidades e sua influência no desfecho do tratamento da tuberculose, no estado do Rio de Janeiro, nos anos de 2011 a 2014

Abstract

A tuberculose (TB) é um problema de saúde pública mundial e possui uma alta incidência entre as populações mais vulneráveis. Este fato remete a necessidade de se conhecer melhor os determinantes sociais da TB, por meio dos eixos de vulnerabilidades e sua influência no desfecho do tratamento. Objetivo: Verificar através dos três eixos de vulnerabilidades: individual, programática e social, quais fatores estão associados ao desfecho favorável e ao desfecho desfavorável do tratamento. Método: Realizou-se um estudo de corte transversal, com os casos notificados com tuberculose, no SINAN, do estado do Rio de Janeiro, no ano de 2011 a 2014. Para as análises, inicialmente foi realizado o teste quiquadrado, sendo selecionadas para o modelo de regressão logística hierárquica, as que demonstraram significância estatística (p< 0,05). Em seguida criou-se o modelo de regressão logística hierárquica, composto por quatro (4) níveis. Resultados: Aumentaram a chance de desfecho favorável: ter mais de 12 anos de estudo (OR 3,48, IC 95% 2,74-4,41) e residir em zona rural (OR 2,27, IC 95% 1,38-3,73). Diminuíram a chance de desfecho favorável: ser do sexo masculino (OR 0,71, IC 95% 0,66-0,76), ser da raça parda (OR 0,73, IC 95% 0,68-0,78), faixa etária 20-39 anos (OR 0,65, IC 95% 0,58-0,73), ser retorno após abandono (OR 0,21, IC 95% 0,16-0,28) e cultura de escarro positiva (OR 0,58, IC 95% 0,47-0,71) Conclusão: No primeiro eixo, vulnerabilidade individual, as variáveis que demonstraram maior chance de um desfecho desfavorável (cura) foram: ser do sexo masculino, ser adulto jovem, baixa escolaridade, ser pardo ou negro. No segundo eixo, vulnerabilidade programática, possuir tipo de entrada diferente de caso novo e cultura de escarro positiva, aumentou a chance de um desfecho desfavorável E, finalmente no último eixo, vulnerabilidade social, residir em área urbana e ser institucionalizado em asilo, orfanato ou outras instituições, aumentam a chance de ter um desfecho desfavorável ao tratamento. A partir do conhecimento de quais fatores tornam o indivíduo vulnerável a um desfecho desfavorável, é que se devem construir as ações para o controle da doença, e principalmente orientar o manejo destes pacientes durante o tratamento, para que consigamos o desfecho favorável (cura).