Vacinação de crianças de até um ano de idade no estado do Amapá: um estudo ecológico antes e durante a pandemia de COVID-19

Abstract

Introdução: A vacinação representa uma das medidas mais econômicas para melhoria da saúde, especialmente na infância, reduzindo a morbimortalidade nos primeiros anos de vida. Em 2019, Amapá foi apontado como o estado brasileiro com a maior taxa de mortalidade infantil, sendo os óbitos, em sua maioria, por doenças infecciosas. Diante do declínio das coberturas vacinais nos últimos anos e dos desafios impostos pela pandemia de COVID-19, fazse necessário o diagnóstico situacional da vacinação das crianças nesse Estado. Objetivo: Analisar a situação da vacinação das crianças de até um ano de idade antes e durante a pandemia de COVID-19 no estado do Amapá. Metodologia: Trata-se de um estudo ecológico, tendo como fonte de dados o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações. Calculadas as taxas de Coberturas Vacinais (CV) e Homogeneidade de Cobertura Vacinal (HCV) para os imunobiológicos pertencentes ao calendário vacinal das crianças, a saber: Bacilo de Calmette e Guérin(BCG), Febre Amarela, Tríplice Viral, Poliomielite (VIP), Pneumocócica 10 valente, Meningocócica C conjugada, Pentavalente e Rotavírus humano. Analisadas as tendências temporais e a distribuição espacial dos indicadores de vacinação, considerando cada tipo de vacina e o período de estudo (2016 a 2021), comparando a situação antes e durante a pandemia de COVID-19. Resultados: No Amapá, a CV média no período de 2016 a 2021, para os imunobiológicos preconizados para a população de crianças até um ano de idade, foi de 70,49% (±20,37). Apenas para a BCG foram verificadas CV com meta alcançada em todos os anos avaliados. As metas de CV para as vacinas Rotavírus, Meningocócia C, Pneumocócica 10 valente e Triplice viral (D1) foram alcançadas apenas em 2016, enquanto que a Pentavalente, Febre amarela e Poliomielite (VIP) estiveram abaixo do preconizado em todo o período de estudo. No que se refere à HCV, a meta foi alcançada apenas em 2018, para a BCG (75%). Para todos os imunobiológicos, foram encontradas CV e HCV significativamente mais baixas nos anos de 2020 e 2021 (53,15±16,63 e 34,74±14,73, respectivamente) comparados com o período pré-pandêmico (79,17±16,19 e 18,81±19,32, respectivamente) (p<0,001). As CV apresentaram tendência temporal decrescente para a maioria das vacinas, sendo estacionária apenas para a BCG e Poliomielite. Houve oscilações da tendência temporal de acordo com os munícipios, com cenários mais críticos em Macapá e Santana. Conclusão: O Amapá apresentou uma tendência de queda da CV, agravada pela pandemia da COVID-19, com diferenças significativas entre os municípios. É necessário intensificar ações de prevenção e promoção da saúde, incluindo estratégias de conscientização da população e campanhas de vacinação em massa, com o apoio da Atenção Primária em Saúde e demais seguimentos sociais.