Representações sociais sobre saneamento e saúde na comunidade rural de Café Campestre

Abstract

A compreensão de que a saúde é o objetivo estratégico do saneamento tem permeado os discursos e as produções no campo técnico e científico. Essa é a ideia que tem impulsionado os avanços na política e ações governamentais na área do saneamento. Mas, como essa relação se dissemina no senso comum? Como os elementos que compõem essa trama se entrelaçam e como esse conhecimento é elaborado pelo olhar e vivência de uma comunidade rural que, após viver um cotidiano histórico de acesso restrito a água em quantidade e qualidade, é beneficiada com um Sistema Simplificado de Abastecimento de Água? Nem sempre essas populações elaboram uma percepção sanitária das ações de saneamento, o que dificulta que a comunidade se aproprie do benefício, fazendo uso adequado e racional dele e se implicando como sujeito de direito e dever nesse processo. Uma ação de saneamento, vai além da infraestrutura, uma vez que a sua efetividade e sustentabilidade enquanto ação de saúde, estará condicionada às percepções, ideias, crenças e noções que a população beneficiada tem histórica e socialmente constituídas sobre saneamento, sobre saúde e como elas têm orientado as práticas territoriais no âmbito da saúde ambiental e da promoção da saúde. A pesquisa se propõe a identificar e analisar as representações sociais que a comunidade cearense de Café Campestre tem sobre saneamento e saúde à luz da ação de saneamento desenvolvida localmente e na perspectiva da sua sustentabilidade e efetividade. As representações sociais traduzem como se dá a relação do (s) sujeito (s) com os fatos ou objetos sociais. Nesse sentido, constituem-se importante alicerce teórico para se pensar, repensar, ressignificar e orientar ações, processos e práticas técnicas e institucionais de saneamento enquanto ação de promoção à saúde. Trata-se, então, de pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo descritivo-exploratória, baseada na teoria das representações sociais