Estratégia saúde da família: reflexões sobre os desafios ao acesso das populações do campo

Abstract

Identifica-se que a Estratégia Saúde da Família surge como proposta de reorganização da Atenção Primária à Saúde no desenvolvimento de suas ações e que este modelo orienta o primeiro contato dos indivíduos com o Sistema Único de Saúde, rompendo com os moldes tradicionais de como se configurava a atenção primária no Brasil. O estudo parte do pressuposto de que essa forma de organização do cuidado possibilita uma visão ampliada dos indivíduos, desfragmentando a atenção à saúde e favorecendo a reorientação do processo de trabalho que se apresenta mais eficaz no enfrentamento das vulnerabilidades. Contudo, diversos desafios ainda são latentes na efetivação da Estratégia, sobremaneira, populações camponesas seguem com dificuldades no que tange ao acesso à saúde. Ou seja, percebe-se a necessidade da adoção de mecanismos gerenciais e de planejamento para a promoção da equidade em saúde e outros aparatos que contribuam com o desenvolvimento de ações voltadas para essas populações. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, tipo relato de experiência articulado à reflexão teórica que tem como objeto central analisar e refletir sobre o acesso à saúde das populações do campo ao Sistema Único de Saúde, em especial, via Atenção Primária à Saúde. Nesse contexto, reflete-se a partir da experiência enquanto residente em uma Unidade Básica de Saúde estabelecida por meio da Estratégia Saúde da Família. A experiência enquanto residente no serviço da atenção primária à saúde demonstra a importância do contato facilitado dos indivíduos ao sistema de saúde, possibilitando a diminuição da morbimortalidade e melhoria na qualidade de vida das populações. Neste espaço faz-se necessário compreender as características da população do campo por meio de suas especificidades, de modo a fomentar uma prática mais equânime e integral. As reflexões sistematizadas apontam um conjunto de dificuldades e barreiras de acesso vivenciadas pela população do campo, as quais devem ser consideradas alargando a visão acerca do acesso por parte dos gestores públicos na formulação das políticas de saúde para o campo.