Escalas de silhuetas para a avaliação da trajetória de peso: fatores associados a mudanças ponderais dos 5 aos 40 anos e o efeito na mortalidade

Abstract

A trajetória de peso se refere a mudanças na massa corporal total que acontecem ao longo da vida. Essas mudanças podem ser avaliadas por meio de medidas aferidas de peso em diferentes momentos do tempo e, como mais recentemente explorado, aplicando escalas de silhuetas (conjuntos de figuras que apresentam tamanhos corporais que variam desde a magreza à obesidade grave). Para realização desta tese, utilizamos dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) e apresentamos os resultados sob a forma de dois artigos. No primeiro, o objetivo foi avaliar as trajetórias de peso dos 5 aos 40 anos, por meio das escalas de silhuetas de Stunkard e colaboradores, e a associação com peso ao nascer, índice de massa corporal e condições sociodemográficas. Realizamos uma análise seccional com dados de 13.674 participantes da onda 2 (2012-2014) do ELSA-Brasil. Para avaliar as trajetórias de peso, os participantes identificaram as silhuetas que representavam seus tamanhos corporais aos 5, 10, 20, 30 e 40 anos e foi aplicada análise de agrupamentos (cluster) que agregou os indivíduos com base na forma de suas trajetórias. A associação entre as trajetórias de peso e as variáveis acima elencadas foi avaliada por meio de análise de correspondência múltipla. Encontramos cinco trajetórias para as mulheres e três para os homens. O baixo peso ao nascer foi associado a um aumento leve no tamanho corporal em homens e moderado em mulheres. O alto peso ao nascer foi associado à manutenção de grande tamanho corporal em ambos os sexos e ao aumento acentuado do tamanho corporal nas mulheres. O status sociodemográfico mais elevado e a raça branca foram associados a aumentos acentuados na forma corporal nos homens e à manutenção da forma corporal média nas mulheres. No segundo artigo, o objetivo foi verificar a associação entre as trajetórias de peso (exposição) e a mortalidade (desfecho), cujos eventos foram morte por doenças crônicas e por outras causas. Foram incluídos 12.958 participantes do ELSA-Brasil e realizada uma análise longitudinal considerando o período médio de seguimento de cinco anos. A associação entre as trajetórias de peso e a mortalidade foi avaliada por análise de sobrevivência. Observamos maior risco de morrer por doenças crônicas entre homens e mulheres com aumento acentuado do tamanho corporal. Os resultados da tese sugerem que as escalas de silhuetas podem ser aplicáveis para a avaliação da trajetória de peso no contexto brasileiro e que o desenvolvimento de estratégias e políticas públicas que promovam a manutenção de um peso adequado ao longo da vida pode reduzir a mortalidade por doenças crônicas.