Análise do Processo de Trabalho da Estratégia Saúde da Família em Territórios do Campo, da Floresta e das Águas do Ceará.

Abstract

No Brasil, a Estratégia Saúde da Familia (ESF) é a principal estratégia adotada pelo Ministério da Saúde (MS) para a expansão da Atenção Primária à Saúde (APS) no país. Essa pesquisa consiste em abordar as Populações do Campo, da Floresta e das Águas (PCFA) caracterizadas por povos que têm seus modos de vida, produção e reprodução social relacionados predominantemente com a natureza. Este estudo objetivou analisar o processo de trabalho das equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) em territórios do campo, da floresta e das águas do Ceará. Pesquisa de abordagem quantitativa, exploratória, descritiva, de delineamento transversal e com amostra intencional realizada com 68 profissionais de saúde e usuários de ESF rural no Estado do Ceará nos municípios de Crato, Itapipoca, Quiterianópolis e Trairi. A coleta de dados foi realizada com uma ficha de caracterização dos participantes e um questionário que é um instrumento, constituído por uma série ordenada de perguntas abordando: abordagem centrada no território; acesso e acolhimento; integralidade; longitudinalidade; coordenação do cuidado; centralização na família; orientação comunitária; organização, gestão e educação para o serviço; produção compartilhada do cuidado. Foi realizada a digitação e tabulação dos dados no Microsoft Excel. Neste software foram realizadas as análises descritiva de frequência simples que foram apresentadas no formato de tabelas. Na análise observou-se a implementação dos atributos da APS relacionados aos cuidados em saúde. O estudo foi desenvolvido dentro dos parâmetros contidos nas resoluções do Conselho Nacional de Saúde e submetido e aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa com o Parecer Consubstanciado n° 4.317.371. Os resultados foram apresentados no formato de artigos científicos. Quanto ao perfil sociodemográfico, os participantes foram predominantemente mulheres (61,8%), com faixa etária que variou de menores de 30 anos a maiores de 61 anos com destaque para a faixa etária de menores de 30 anos e 31 a 50 anos que somam um total de (72%). No primeiro artigo observou-se que a avaliação da presença e extensão dos atributos essenciais de APS nos territórios apresentou fragilidades nos serviços em geral, onde apenas o atributo da longitudinalidade apresenta bons resultados onde mais de 80% dos participantes do estudo consideraram que esse atributo está sendo praticado. A partir da análise dos processos de trabalho das equipes de saúde, percebe-se que, as trocas de vivências entre profissionais da saúde e usuários, a união dos conhecimentos científicos e populares são fatores necessários e urgentes, no processo de produção da saúde. No segundo artigo, percebe-se que não tem sido identificada uma avaliação satisfatória dos atributos da APS onde apenas Centralização na Família apresenta bom desenvolvimento em que os participantes da pesquisa em sua grande maioria responderam que ocorre em 79,7%. Os resultados apontaram a necessidade de melhoria dos serviços no âmbito da orientação comunitária, organização, gestão e educação para o serviço e produção compartilhada do cuidado para o aprimoramento da qualidade assistencial e de gestão local. Observou-se a necessidade em reforçar e incentivar a reorientação das práticas de saúde conforme orienta a Política Nacional de Atenção Básica. Reforça-se a necessidade dos movimentos sociais, profissionais da saúde, usuários e gestores das três esferas de governo, avançar no fortalecimento do processo de trabalho das equipes de saúde da família nos territórios rurais.