Please use this identifier to cite or link to this item:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/65231
CUIDADO CLÍNICO E SOBREMEDICALIZAÇÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Tesser, Charles Dalcanale | Date Issued:
2019
Alternative title
Clinical care and overmedicalization in primary health careAuthor
Affilliation
Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde Departamento de Saúde Pública. Florianópolis, SC, Brasil.
Abstract in Portuguese
Este ensaio analisa a sobremedicalização (medicalização desnecessária e indesejável) gerada no cuidado médico aos adoecidos na atenção primária à saúde, discute como ocorre e como evitá-la. Articula na análise três grupos de concepções/saberes: concepções de doença (dinâmicas/ontológicas); concepções de causação (ascendente/multidirecional); eixos conceituais estruturantes do saber médico (anatomopatológico, fisiopatológico, semiológico, epidemiológico). A sobremedicalização deriva dos movimentos cognitivos dos profissionais na elaboração diagnóstica e terapêutica. Ela nasce da associação da concepção ontológica de doença com causação ascendente (fluxo causal que vai dos elementos materiais mais simples a dimensões e níveis mais complexos), em articulação com sobrevalorização do eixo anatomopatológico, geradora de excessivas intervenções diagnósticas e farmacoterapêuticas. Para evitar a sobremedicalização, propomos a associação virtuosa da concepção dinâmica de doença, com causação multidirecional e uso equilibrado dos eixos conceituais das doenças. Isso facilita: escuta qualificada; contextualização dos casos; mais criterioso uso de exames complementares; reconhecimento dos limites diagnósticos biomédicos; superação da razão metonímica (que despreza tudo o que não é saber cientificamente consagrado); amplificação da interpretação para além das 'doenças' e dos tratamentos para além dos fármacos/cirurgias, explorando os saberes dos usuários e profissionais, práticas complementares e a devolução de problemas para o manejo autônomo apoiado.
Abstract
This essay analyzes the overmedicalization (unnecessary and unwanted medicalization)
generated in the medical care to the ill in primary
health care, and discusses how it happens and how to
avoid it. The analysis combines three sets of conceptions/knowledge: conceptions of illness (dynamic/
ontological); conceptions of causation (ascending/
multidirectional); key conceptual and structuring
ideas about medical knowledge (anatomopathological, physiopatological, semiological, epidemiological).
Overmedicalization is due to the cognitive movements
of the professionals in the development of diagnoses
and therapies. It originates from the ontological conception of illness with ascending causation (causal
flow that goes from the simplest material elements to
more complex levels and dimensions), in combination
with the overestimation of the anatomopathological key idea, which generates excessive diagnostic
and pharmacotherapeutic interventions. In order to
avoid overmedicalization, we propose the virtuous
association of the dynamic conception of illness, with
multidirectional causation and balanced used of the
key conceptual ideas of the illnesses. This facilitates: a
qualified listening; the contextualization of the cases;
a more rigorous use of complementary exams; the
recognition of the limits of the biomedical diagnoses;
the overcoming of the metonymical reasoning (which
disregards anything that is not scientifically-established
knowledge); an expansion of the interpretation that
goes beyond the ‘illnesses’ and treatments that go
beyond drugs/surgeries, exploring the knowledge
of the users and professionals and the return of the
problems to autonomous supported management.
Share