Perfil do consumo alimentar de população rural ribeirinha na Amazônia.

Abstract

Introdução: O consumo alimentar retrata as condições socioeconômicas, ambientais e culturais de uma determinada população. Pela peculiaridade das suas condições de vida em relação ao acesso a alimentos, a população rural ribeirinha suscita muito interesse. Objetivo: Identificar o perfil de consumo alimentar de uma população rural ribeirinha amazônica. Objetivos específicos: Levantar os itens alimentares consumidos pelas famílias; citar as formas de obtenção dos alimentos consumidos pelas famílias; correlacionar os itens alimentares consumidos e as formas de obtenção dos alimentos com variáveis socioeconômicas e ambientais. Metodologia: Este é um estudo transversal de abordagem quantitativa, realizado com população rural ribeirinha residente na margem esquerda do Rio Negro, entre Manaus e Novo Airão. Os domicílios foram selecionados a partir de uma amostragem aleatória estratificada sistemática, resultando numa amostra de 287 domicílios, em 25 comunidades, localizadas em cinco microáreas. Aplicou-se um questionário com variáveis referentes aos alimentos consumidos, às condições de obtenção dos alimentos e às condições socioeconômicas e ambientais. A análise dos dados foi feita no software R 3.2.1. Realizou-se uma análise estatística descritiva e uma análise uma regressão log-binomial para observar a razão de chances de se consumir determinados alimentos condicionado a variáveis socioeconômicas e ambientais. Resultados: Os alimentos mais referidos foram o café, a farinha, e o arroz. Entre as fontes de proteínas animais, o peixe (cozido ou assado) foi o mais consumido, seguido por frango cozido. Observou-se evidências de que a chance de consumir frango em localidades que possuem comércio é 2,85 maior do que em localidades que não possuem (P-valor <0,001). O consumo de alimentos de acordo com o nível de processamento (classificação NOVA) mostrou relações significativas com as condições socioeconômicas, tais como o nível de escolaridade (P-valor = 0,016). Conclusão: A alimentação se revelou pouco variada, sem diferença entre comunidades ou microáreas, nem grandes variações entre dia de semana e domingo. Observou-se influência da existência de comércio à proximidade, principalmente quanto ao consumo de frango