Práticas alimentares de servidores públicos federais, durante a pandemia de Covid-19, Brasília, Brasil

Abstract

O mundo foi surpreendido com a pandemia de covid-19, e as pessoas estão sendo impelidas a cumprir medidas de isolamento social para reduzir a propagação do vírus. A imposição de novas rotinas pode ter impactos positivos ou negativos na saúde e qualidade de vida. Com o objetivo de dialogar sobre os hábitos alimentares e estilo de vida durante a pandemia foi realizado estudo qualitativo, utilizando-se da abordagem da fenomenologia hermenêutica, com servidores de instituições públicas federais, participantes de um programa de promoção à saúde. Foi aplicado um questionário online, para a pré-compreensão do fenômeno, e analisadas 18 entrevistas, online, em profundidade, sendo a maioria mulheres, com pós-graduação, e IMC>30kg/m². A pandemia impôs modificações na rotina doméstica e no sistema alimentar, com destaque da revalorização do hábito de cozinhar e maior tempo de convivência familiar, ao passo que também gerou desconfortos com sobrecarga de atividades e ansiedade. Indivíduos obesos que referiram ansiedade, evidenciaram práticas de comer emocional e maior ganho de peso. Estigmatização da obesidade, acúmulo de tarefas, influência da família contribuíram para a adoção de hábitos não saudáveis. Por outro lado, houve indivíduos que destacaram maior tempo para o preparo das refeições e para a prática de atividades físicas, sendo elencadas estratégias de enfrentamento para manter um estilo de vida saudável, mesmo no contexto adverso. Indivíduos obesos têm sofrido impactos negativos em relação à alimentação e estilo de vida, e têm fatores de risco aumentado para a covid-19, sendo, portanto, um grupo que demanda atenção e cuidado.