Autonomia para ensinar e criar: a produção de materiais didáticos na formação de professores de Química no Instituto Federal do Espírito Santo

Abstract

Envolver licenciandos e seus professores em cenários investigativos do próprio fazer docente potencializa a formação sintonizada com posturas transformadoras da realidade, integrando teoria e prática. Nesta Tese, apresentamos uma pesquisa acerca da formação de professores com objetivo de avaliar as oficinas de produção de materiais didáticos, desenvolvidas no componente curricular de ‘Instrumentação para o Ensino de Ciências’ dos cursos de Licenciatura em Química do Ifes, como espaço de estímulo à efetivação da Prática como Componente Curricular como práxis dialógica e autônoma. Foi realizada análise documental dos planos de ensino e dos roteiros de orientação das oficinas; relato descritivo da atividade, no contexto institucional e histórico, e análise de conteúdo das entrevistas com formadores e das respostas do questionário discente. A discussão foi feita a partir da Pedagogia Libertadora de Paulo Freire, da valorização dos saberes da experiência com base em Nóvoa e Tardif e da epistemologia da prática, também, a partir de Tardif. Resultados do estudo documental apontaram estímulo legal e teórico-metodológico à prática como componente curricular. Já a avaliação das oficinas no contexto institucional apontou favorecimento ao diálogo entre teoria e prática, entre diferentes saberes e entre educação superior e educação básica. Apontou ainda desafios na criação de repositório dos materiais didáticos e na correção de erros conceituais identificados em alguns produtos. Os participantes avaliaram a atividade como espaço de estímulo à formação inicial dialógica, autônoma, criativa, lúdica e mais inclusiva quanto ao público-alvo da Educação Especial A Prática como componente curricular foi identificada em distintos momentos da atividade, especialmente, nos registros dos discentes ao abordarem a validação e a divulgação do material didático. A abordagem do ensino, inspirada nos pressupostos dos estudos sobre Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente, requer aprimoramento no sentido de ser vivenciada mais como uma cultura CTS/CTSA do que como uma técnica de inserção de saberes científicos “cotidianizados”. A busca por favorecer uma formação mais sintonizada com postura político-consciente-intencional, em que a prática como componente curricular seja vivenciada como práxis, impulsionou ajustes teórico-metodológicos nas oficinas e planejamento de novas ações, dentre elas, a de um projeto de extensão configurado como espaço, também, de ensino e de pesquisa que venha a contribuir para a construção de identidades docentes fundamentadas em uma epistemologia reflexiva da prática