Por entre vênus paleolíticas, Rubens, Botero e artistas contemporâneos: o discurso imagético gordo como alavanca de representatividade e saúde na escola

Abstract

O preconceito e a discriminação contra os corpos gordos ainda são predominantes na sociedade contemporânea, que enaltece um corpo "sadio", atlético e magro. O gordo é visto como lerdo, propenso a doenças, incapaz, mal consumidor e até mesmo pecador. Um corpo gordo começa a ser vítima de preconceito no seio de sua família, ainda na infância, pois é nessa instituição social que o preconceito aparece, principalmente disfarçado de preocupação e cuidados com a sua saúde. A discriminação e a exclusão vão se perpetuando por todas as fases da vida dos gordos, de diferentes formas e nos mais variados ambientes, mas é na escola que essas manifestações são mais cruéis, pelo elevado tempo de permanência dos estudantes nessa instituição social e pela exclusão em sua estrutura. Assim, questiona-se: COMO A FRUIÇÃO DA REPRESENTAÇÃO DOS CORPOS GORDOS NAS ARTES VISUAIS PODE ATUAR NO RECONHECIMENTO IDENTITÁRIO DE GORDOS E NÃO GORDOS NA ESCOLA BÁSICA, CONTRIBUINDO PARA O FORTALECIMENTO DA SAÚDE DOS ESTUDANTES? A pesquisa analisa o discurso imagético gordo através de produções artísticas como processo de produção identitária e saúde na escola básica, partindo de esculturas paleolíticas e de produções de Rubens, Botero e artistas contemporâneos brasileiros, identificando outras possíveis manifestações no universo das Artes Visuais. Também busca mapear a trajetória social do corpo gordo na história, além de refletir sobre as questões de saúde subjacentes à "obesidade". Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utiliza como estratégias metodológicas a análise de discurso, a análise documental e a pesquisa-ação. Esta última contando com o desenvolvimento de um laboratório de fruição estética e criação artística com alunos dos anos finais do Ensino Fundamental, produzindo documentos para análise através das produções visuais e depoimentos dos participantes, salientando a importância da percepção dos corpos gordos como CORPORALIDADE DIVERSA e não como DOENÇA no reconhecimento identitário da pessoa gorda, diminuindo os impactos da pressão social sobre os estudantes. Tais ações buscam comprovar que os estudantes, ao se verem reconhecidos em produções artísticas dos mais diversos tempos e espaços consigam – gordos e não gordos – refletir sobre suas identidades, reconhecendo a construção social do corpo como fenômeno cultural.