Aplicação e avaliação da metodologia investigativa em uma escola de ensino fundamental no município de Mesquita na Baixada Fluminense

Abstract

Acesso ao conhecimento científico é um direito de todos os cidadãos e só pode ser alcançado em uma sociedade que preza por educação universal e de qualidade que esteja comprometida com o desenvolvimento humano. O ensino formal de ciências da natureza é vital neste propósito, devendo ser cada vez mais atrativo e eficiente em apresentar e discutir criticamente conteúdos específicos. A metodologia investigativa se apresenta na literatura como uma estratégia capaz de colocar estudantes em contato diferenciado com a Ciência em um processo orientado de alfabetização científica e apropriação do saber. No presente trabalho, questiona-se como tal metodologia poderia ser útil para sensibilizar e despertar o interesse pela ciência em alunos que vivem e estudam em áreas socialmente vulneráveis sujeitas a constantes e graves situações de violência. Alunos esses, em geral, afetados por baixos rendimentos e desempenhos escolares. Assim, objetiva-se avaliar como atividades orientadas pela metodologia investigativa e integradas ao plano de curso para o ensino de ciências contribuem para a promoção de uma cultura científica no cotidiano de alunos do ensino fundamental de uma escola pública do município de Mesquita, na região da Baixada Fluminense. A pesquisa foi realizada entre os meses de março a julho do ano de 2017 na Escola Municipal Américo dos Santos. Inicialmente, o conteúdo programático de ciências para o quinto ano do ensino fundamental foi investigado junto às respectivas professoras de duas turmas. Foram planejadas sete atividades que foram realizadas em sala de aula à luz da metodologia investigativa. A pesquisa baseou-se em abordagem qualitativa com observação participante para a coleta de dados, incluindo gravações em vídeo e áudio. Os resultados apontaram que, a partir do estabelecimento de uma rotina de atividades investigativas em sala de aula, os alunos se mostraram gradativamente mais motivados, disciplinados para o exercício das tarefas propostas e participativos. Identificamos ainda que a metodologia investigativa favoreceu a apropriação pelos alunos de indicadores de alfabetização científica. Concluímos que tal estratégia pedagógica de aplicação simples em sala de aula apresentou forte potencial para promoção da melhoria do ensino de ciências no ensino fundamental, tendo contribuído efetivamente para a introdução de uma cultura científica na escola pesquisada e para o desenvolvimento de habilidades necessárias ao processo de alfabetização científica por parte dos alunos envolvidos. As evidências apresentadas pelos resultados alcançados no presente trabalho têm potencial para serem reproduzidos em outras escolas, sendo especialmente úteis em contextos desafiantes como são os de ambientes carentes de ações do poder público.