Ocorrência de Staphylococcus spp. resistentes à meticilina em equipamentos e superfícies de áreas hospitalares

Abstract

A importância da prevenção de infecções hospitalares, especialmente a disseminação de bactérias resistentes, como Staphylococcus spp em ambientes de saúde, é preocupante devido aos riscos de transmissão por contato direto ou indireto com pacientes, superfícies e objetos. O estudo proposto tem como objetivo geral o isolamento e identificação de bactérias do gênero Staphylococcus spp. em superfícies e equipamentos em ambiente hospitalar, pesquisa e caracterização de cepas Staphylococcus aureus resistente à meticilina e Staphylococcus coagulase negativos resistentes a meticilina. A metodologia se baseia na coleta de amostras de superfícies e equipamentos, isolamento, identificação, determinação da susceptibilidade a antimicrobianos e pesquisa de genes de resistência. Foram realizadas quatro coletas em dois hospitais (H1 e H2), totalizando 230 amostras de swabs de superfícies e equipamentos. Dessas, 85 cepas de Staphylococcus spp. foram isoladas, sendo 24 da H1 e 62 da H2, e 1 foi identificada como S. aureus por testes bioquímicos. A maioria das cepas foi isolada de pias (16,3%), equipamentos hospitalares (15,1%), carrinhos (9,3%) e gavetas (8,1%). Menos comuns foram armários, suportes e portas (3,5%), seguidos por bandejas, maçanetas e macas (2,3%). As cepas foram testadas quanto à resistência a antibióticos, com altas taxas de resistência a penicilina (60,9%), oxacilina (64,3%), levofloxacina (54%) e eritromicina (73,5%). A gentamicina mostrou a maior susceptibilidade (45,9%). Do total, 43 cepas (50%) foram classificadas como multirresistentes (MDR), com perfis variados. Entre as cepas resistentes à oxacilina, 25% foram da H1 e 75% da H2. Das 55 cepas de Staphylococcus coagulase negativos resistentes à meticilina, a maioria mostrou tendência de resistência MDR, especialmente MDR-5 e MDR-6. A produção de β-lactamase foi observada em 58,1% das cepas testadas, todas resistentes aos β-lactâmicos. A resistência a antibióticos foi alta, especialmente à eritromicina (73,5%) e β-lactâmicos. Sulfametoxazol trimetoprima e rifampicina foram alternativas eficazes. A detecção do gene mecA, associado à resistência à oxacilina, foi comum em CoNS, destacando sua importância clínica. S. haemolyticus foi o mais resistente e isolado em equipamentos, indicando relevância na resistência e infecções nosocomiais. A identificação bioquímica mostrou uma alta prevalência de S. haemolyticus. A presença do gene mecA, conferindo resistência à oxacilina, foi confirmada em todas as cepas resistentes, classificando-as como Staphylococcus coagulase negativos resistentes à meticilina. Os equipamentos foram os ambientes mais comuns para a presença do gene mecA. Neste estudo, a complexidade hospitalar foi associada à maior contaminação e resistência microbiana. Houve diferença significativa entre os hospitais. Staphylococcus spp. foram identificados, relacionados a infecções endógenas pela colonização habitual da pele e mucosas. A presença desses microrganismos em áreas de contato com pacientes e uso coletivo de profissionais reforça a relação entre complexidade hospitalar e alta presença bacteriana. O estudo ressalta a importância da biossegurança e controle do uso de antibióticos para evitar a disseminação de microrganismos resistentes em ambientes hospitalares. A correlação entre infecções e limpeza ambiental pode orientar medidas de controle mais eficazes.