Ciência, arte e cidadania: inovações em ensino e saúde evidenciadas pela cartografia de uma rede emergente

Abstract

O que vem em nossa mente quando falamos em rede? Conexões? Agrupamentos sociais que tem algo em comum? Essas perguntas nos conduziram ao aporte de autores que estudam redes, tais como Baran, Downes, Siemens, Lévy, Carvalho, Dias, Allegretti, Santos, Martino, Moreira, Januário, entre outros, para cumprir o objetivo de mapear uma rede emergente de pesquisa, ensino e extensão formada em 11 simpósios ocorridos entre 2002 e 2018, formalizada em 2021: a Rede Ciência, Arte e Cidadania. Os simpósios ocorreram no contexto de configuração do campo acadêmico de Ciência e Arte, que temos estudado. Eles identificaram atores, promoveram e potencializaram encontros, conexões e inovações em ensino e saúde, e nos possibilitaram realizar uma cartografia desse processo. Como metodologia usamos a abordagem quali-quantitativa, com criação de um banco de dados com as edições dos eventos já realizados, levantando os participantes, palestrantes e pesquisadores envolvidos. Cada simpósio apresentou um tema diferente dentro do campo de estudo CienciArte, permitindo um mapeamento temático, e geográfico (onde se situa cada membro da rede). Visualizamos então a formação da rede e suas interações potenciais e construções coletivas, dentre as quais algumas inovações em ensino não formal e formal. A visibilidade dessa rede ocorreu através de um ponto para conexões entre os atores, construído pelo Canal da Rede Ciência, Arte e Cidadania no YouTube, criado em 2017. Foi um meio para o fortalecimento e reconhecimento do campo transdisciplinar emergente que temos chamado como CienciArte, bem como dos atores que nele atuam Nas edições de 2018 e de 2021 dos Simpósio Ciência, Arte e Cidadania, utilizamos também a observação participante, pois a autora esteve imersa na sua produção e organização, registrando e fazendo um diário de campo de cada atividade realizada, como observadora e participante inscrita. A experiência de observação em rede se baseou no referencial teórico relativo ao estudo de redes e interações complexas, e ao estudo do campo CienciArte/ Arteciencia/ ArtScience. A rede identificada tem conexão com várias redes internacionais do campo da ciência cidadã, ponto muito explorado no estágio de doutorado sanduíche, que também foram identificadas e conferem a dimensão internacional do trabalho, já evidenciado antes pelas conexões com outras redes internacionais como LASER, Anilla Cultural e InSpire. Visualizamos o conectivismo expresso no engajamento dos atores nos simpósios, nas inscrições dos participantes e na motivação de sua participação. Apresentamos seis inovações que surgiram no trabalho em rede, com destaque especial para o desenvolvimento da tecnologia social de CienciArte intitulada “Expresso Chagas 21”, que moveu atores da rede para regiões endêmicas levando atividades de ensino e de vigilância em saúde. A Tese foi organizada com uma coletânea de publicações acadêmicas, todas articuladas através da pergunta: o campo acadêmico CienciArte tem maturidade numa rede colaborativa de pesquisa, ensino e extensão? Os resultados apresentados confirmam que sim, e que promovem inovação inclusive no âmbito da divulgação científica do campo de CienciArte, através de plataformas como YouTube e de um site específico da Rede Ciência, Arte e Cidadania. Esta rede, ao longo de sua história, se configurou como um rizoma genealógico por conta de sua estrutura e das inovações que nela brotaram